Sabatina de Zanin: oposição dócil ou republicana?

Nas redes sociais, muitos esperavam uma sessão nervosa, com perguntas picantes e respostas constrangedoras, mas se depararam com questionamentos previsíveis, em tom moderado e até elogios

  • Por Claudio Dantas
  • 21/06/2023 17h45
Geraldo Magela/Agência Senado Cristiano Zanin durante sabatina na CCJ do Senado Cristiano Zanin durante sabatina na CCJ do Senado

Nas redes sociais, vejo críticas duras ao desempenho dos senadores de oposição na sabatina de Cristiano Zanin na CCJ do Senado. Esperavam, certamente, uma sessão nervosa, com perguntas picantes e respostas constrangedoras, mas se depararam com questionamentos previsíveis, em tom moderado e até elogios. “Temperatura mediana”, disse Renan Calheiros ao deixar a sessão, que corria sem percalços até o final da tarde. Ninguém confrontou o futuro ministro sobre os processos trabalhistas movidos por ex-babás ou a denúncia do MPF de que teria integrado suposto esquema que desviou R$ 151 milhões dos cofres do Sistema S — seria uma oportunidade para o próprio Zanin esclarecer tais episódios.

As principais provocações — republicanas — partiram do senador Eduardo Girão, que o questionou sobre eventual impedimento em causas relacionadas à JBS, grupo que passou a ser defendido pelo escritório que Zanin abriu com a esposa, Valeska Martins. Sergio Moro também perguntou sobre uso de provas ilícitas para formar acusação, sem, contudo, mencionar a Vaza Jato e as acusações do doleiro Tacla Duran. O ex-juiz acabou virando meme ao questionar o advogado se teria sido padrinho do casamento de Lula, conforme informações “da internet”. Flávio Bolsonaro usou a sessão para falar do julgamento do pai amanhã no TSE; Magno Malta, Jorge Seif, Carlos Portilho e Damares Alves se mostraram resistentes a Zanin, mas amenizaram bastante o tom costumeiro.

Uma decepção para quem acha que a política deve ser exercida com o fígado, na base da lacração e da ofensa. Um respiro para quem defende a consolidação de uma oposição democrática, que ainda engatinha. Resta perder o medo de exercer o mandato em toda sua prerrogativa, com a responsabilidade que a República exige.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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