Mudança em contratos de viações teria motivado onda de ataques a ônibus em SP

Para investigadores, decisão da prefeitura sobre empresas ligadas ao PCC gerou temor e revolta entre cooperados; ataques cessaram após repercussão

  • Por David de Tarso
  • 03/09/2025 09h59
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LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO Ônibus da empresa Transwolff é visto no Terminal Guarapiranga, na zona sul de São Paulo O documento criou um grupo de trabalho para definir as regras de transferência dos contratos das viações Transwolf e Upbus

A onda de ataques a ônibus registrada em São Paulo nos últimos meses teve como estopim um despacho assinado pelo secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Celso Caldeira. A informação é da Polícia Civil, que investiga os casos de depredação que se espalharam pela cidade, especialmente na zona sul. O documento criou um grupo de trabalho para definir as regras de transferência dos contratos das viações Transwolf e Upbus, empresas investigadas por suspeita de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) na Operação Fim da Linha. A Transwolf, à época, negou qualquer relação com atividades ilícitas e classificou as acusações como infundadas.

Segundo os investigadores, a decisão da prefeitura de não incluir as empresas no grupo de trabalho gerou insatisfação dentro da Cooper Pam, cooperativa que presta serviço à Transwolf. Isso porque a operação da viação depende de veículos dos cooperados, com base em um acordo informal que não teria garantias de continuidade em caso de nova gestão. As empresas que assumiriam os contratos seriam a Sancetur e a  RodoBus , o que aumentou a insegurança sobre uma possível ruptura da estrutura atual. Logo após o despacho, os ataques a ônibus começaram a se intensificar.

Entre junho e julho, o número de ônibus apedrejados chegou a quase 50 por dia, no pico da crise. Apesar da violência dos atos, os ataques foram realizados majoritariamente com pedras e não envolveram incêndios ou feridos graves, segundo a prefeitura. A Polícia Civil também considera a hipótese de efeito manada, ou seja, de que parte dos ataques tenha sido estimulada pelo aumento do número de casos e sua repercussão nas redes sociais e imprensa.

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Entenda a cronologia dos fatos

12/6: Prefeitura determina a criação do Grupo de Trabalho de Transição
14/7: Transfere a titularidade das embarcações da Transwolff para a prefeitura (Aquático SP)
28/7: Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, pede para indicar representantes no GT (Grupo de Trabalho). Pandora é um dos diretores da Transwolff que foi preso na operação e solto para responder em liberdade depois.
25/8: deferimento dos nomes
02/09: Publicação oficial dos nomes

A boa notícia, segundo as autoridades, é que os ataques cessaram nas últimas semanas, embora as investigações sigam em andamento para identificar os responsáveis e suas reais motivações.

A Coluna contou neste texto com a colaboração das apurações do jornalista Adamo Bazani, do Diário do Transporte.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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