10 técnicas de engenharia social para manipulação de eleitores
Técnica em hackerismo é usada para se aproveitar da ingenuidade humana, induzindo de modo consciente ou inconsciente a vítima ao erro
Engenharia Social é a técnica em hackerismo utilizada para se aproveitar da ingenuidade humana, induzindo de modo consciente ou inconsciente a vítima ao erro (human hacking), sendo por meio de “falácias” como tipo de argumento lógico e filosófico utilizado com a intenção de parecer correto. Quem opta por esse recurso geralmente omite algumas informações por trás do discurso. Por definição, a falácia se refere a qualquer ideia equivocada ou falsa crença em algo. Embasado no princípio da “autenticidade”, os profissionais de Segurança da Informação atuam por meio da lógica filosófica como especialistas para avaliar como as informações estão sendo manipuladas. Entretanto, muitos profissionais de Comunicação, Mídia e Marketing orientam para que a informação atinja o seu objetivo utilizando diversas técnicas. Trocar o sentido do que está sendo dito, apelar para a emoção ou piedade, convencer pelo medo, atacar a pessoa ao invés do problema, referenciar uma autoridade são algumas das Técnicas de Engenharia Social (Falácias) utilizadas tanto nos golpes cibernéticos, como em período eleitoral para manipulação da população. Confira quais são:
1. Falácia do Espantalho (the straw man fallacy)
Na falácia do espantalho, você distorce o que o outro fala para uma versão mais negativa, e ataca esse ponto mais amplamente aceito para, assim, desacreditar o seu opositor. Exemplo 1: “Se você quer desenvolver a Amazônia, logo você é a favor do desmatamento da floresta”. Exemplo 2: “Você gosta de chocolate, Hitler também gostava de chocolate, logo, você apoia as coisas que Hitler gostava”. Contra-argumentação: “Quem disse que apenas gostar de chocolate iguala a tudo o que o Hitler gostava?”
2. Falácia da Falsa Equivalência (false equivalence)
Chamada também de falsa analogia, pega determinados aspectos entre duas ideias como sendo iguais em tudo. Ela coloca como iguais duas coisas que em sua totalidade são divergentes e na sua afirmação são iguais. Exemplo: “Ser pai é igual a dirigir um carro, você só deve evitar acidentes!” Contra-argumentação: “Não tem como comparar filhos a carros! Carros são produtos, são um meio para algo, os filhos são a perpetuação de quem você é e isso não se deteriora como um carro. Compare duas coisas exatamente iguais!”
3. Falácia do Apelo à Autoridade (argumentum ad verecundiam)
Normalmente, principalmente em matérias de jornais, revistas e noticiários que envolvam um assunto técnico/científico, é chamado um especialista no assunto, um expert, alguém que irá explicar o assunto de uma forma que a pessoa leiga no assunto possa entender. Vai traduzir o assunto em uma linguagem mais coloquial. O apelo ao especialista traz um senso de que a indicação é a melhor. Exemplo: “O Dr. João José disse que o melhor tratamento para a coceira é o sol”. Contra-argumentação: “Existem outros médicos que não concordam com o Dr. João José por N motivos.”
4. Falácia da Autoridade Anônima (anonymous authority)
A falácia da autoridade anônima não nomeia a autoridade, desta forma, não é possível saber se a autoridade é perita, confiável e entendedora do assunto. É o clássico “ouvi dizer”, “me disseram”, “você não sabe o que eu fiquei sabendo”. Exemplo: “Um membro do seu governo disse que você vai reduzir os salários”. Contra-argumentação: “Se você não me disser quem é, sem provas e fatos não tem como checar.”
5. Falácia do Ataque Pessoal (argumentum ad hominem)
Na falácia de ataque pessoal, não se trabalha com uma afirmação ou argumentação do meu adversário, ataca a pessoa que fez a argumentação ao invés do problema. Exemplos são os ataques à nacionalidade, raça, religião, condição social, etc. Exemplo: “O candidato João José é um idiota e veio de família rica, por isso não vai fazer um bom governo”. Contra-argumentação: “Me apresente os motivos com provas que o candidato não pode fazer um bom governo ao invés de ofensas sobre a vida pessoal do candidato.”
6. Falácia do Apelo à Piedade (argumentum ad misercordiam)
Esta falácia pretende utilizar apelos emocionais para que os ouvintes façam o que o interlocutor deseja, justificando algum momento difícil passado, esperando o merecimento, a compreensão do público e até uma identificação com os ouvintes. Exemplo: “Eu fui pobre toda a minha infância, por isso você vai votar em mim”. Contra-argumentação: “Sua infância pobre não me garante que hoje você seja honesto”
7. Falácia do Apelo à Força (argumentum ad baculum)
A falácia do apelo a força promete circunstâncias negativas para as discordâncias de um determinado público. São mostradas opções desagradáveis para uma determinada decisão. Exemplo: “Se você votar no Augusto, nossa cidade vai virar um caos”. Contra-argumentação: “Quais fatos que você tem que comprovam sua teoria?”
8. Falácia da Omissão de Dados (data omission)
Esta é a falácia que se opõe ao princípio da informação total, ela omite informações importantes que promove um pensamento contrário ao que seria obtido com todas as informações sobre o assunto. Exemplo: “O Ronaldo Fenômeno ganhou a Copa de 2002 sozinho”. Contra-argumentação: “Na Copa de 2002 foi usado um esquema de três zagueiros, que contou também com um Rivaldo inspirado e um habilidoso Ronaldinho Gaúcho”
9. Falácia do “Você Também” (tu quoque)
É a falácia do apelo à hipocrisia, conhecido também como “Tu Quoque” em latim, e se presume em desacreditar um argumento apontando a inconsistência nas ações do transmissor em relação ao argumento. Uma pessoa que age diferente do que prega. Exemplo: “Você vive me dizendo para parar de fumar, mas você não para”. Contra-argumentação: “Se eu me jogar da ponte, você se joga também?”
10. Falácia do Apelo ao Povo (argumentum ad populum)
Esta falácia mantém que uma afirmação é verdadeira porque é aceita por uma determinada parcela da população. Ela indica um grupo de pessoas como sendo a totalidade da população ou a maioria dela, com o objetivo de induzir a alguém a agir de determinado modo porque todos o fazem deste modo. Exemplo: “Todo mundo sabe que tal candidato ajudou mais o Brasil”. Contra-argumentação: “Do mesmo jeito que em 1500 todos achavam que a Terra era plana. Não devemos sempre seguir a maioria ou minoria sem provas”.
BÔNUS: Falácia da Petição de Princípio (petitio principii)
Na petição de princípio, se defende uma ideia por uma conexão presumida, mesmo essa não sendo passível de checagem. A pessoa quer que você acredite nela, por algum motivo que ela considera uma prova de que ela está certa, tentando assim convencer o ouvinte. Exemplo: “Sempre fui muito inteligente, por isto não estou equivocado”. Contra-argumentação: “Só porque você é inteligente, não quer dizer que está sempre certo! – Vamos validar os fatos!”
Como percebido, as técnicas de Engenharia Social para manipulação de um único indivíduo, ou uma população inteira, são falácias desde os tempos do latim, porém hoje muito utilizadas durante os períodos eleitorais, como também no mundo cibernético para indução ao erro. Independente do partido político, candidato, ou cargo, devemos sempre estar atentos para não sermos vítimas da Engenharia Social praticada pelo uso dessas falácias. Segundo o especialista Thiago Rosa, bacharel em Direito, é importante sempre checar a fonte, não ler apenas o título, e tomar cuidado com os comentários, que estão entre as principais orientações para garantir a segurança da informação que consumimos. Veja também as 10 dicas para evitar cair em fake news e assim estar ainda mais atento para com as técnicas de Engenharia Social, afinal, somos todos contra falácias e fake news. Quer se aprofundar no assunto, tem alguma dúvida, comentário ou quer compartilhar sua experiência nesse tema? Escreva para mim no Instagram: @davisalvesphd.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.