Conheça 10 perigos de não se preocupar com a privacidade

Assumir o controle de sua privacidade não apenas protege você contra esses riscos, mas também garante seus direitos fundamentais

  • Por Davis Alves
  • 04/07/2023 10h00
LUIDGI CARVALHO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO notebook aberto com xícara branca de café ao longo. página do google no desktop Como indivíduo, você também precisa estar ciente do que a LGPD significa para sua privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não é apenas para empresas. Como indivíduo, você também precisa estar ciente do que ela significa para sua privacidade. Abaixo, detalhamos dez razões pelas quais cada um de nós deve levar a sério a proteção de nossos dados pessoais. Confira:

1. Risco de fraude financeira: A LGPD (Artigo 2º, II) visa proteger contra danos patrimoniais. Se seus dados pessoais caírem em mãos erradas, você pode se tornar vítima de fraude, incluindo roubo de identidade e fraudes bancárias.

2. Perda de privacidade pessoal: Nosso direito à privacidade (Artigo 2º, I) é fundamental. Sem ela, nossos detalhes pessoais podem ser compartilhados sem o nosso conhecimento ou consentimento, tornando-nos vulneráveis.

3. Invasão de vida privada: O Artigo 6º, X, garante o direito à inviolabilidade da intimidade, honra e imagem. Compartilhar sem querer informações pessoais pode levar à invasão de sua vida privada, danificando sua reputação ou autoestima.

4. Abuso de dados pessoais: A LGPD destaca o direito de revisão de decisões tomadas com base em tratamento de dados. Sem cuidado, seus dados podem ser usados de maneira abusiva, levando a decisões injustas.

5. Discriminação: Seus dados pessoais podem ser usados para fins discriminatórios. Por exemplo, o Artigo 20 proíbe decisões automatizadas que possam afetar seus direitos, incluindo perfilamento (profileamento) que pode levar a discriminação.

6. Exposição a publicidade indesejada: A falta de privacidade pode resultar em publicidade direcionada indesejada. Proteger seus dados pode reduzir o número de anúncios irrelevantes ou irritantes.

7. Ciberassédio: Com mais dados disponíveis, o risco de ciberassédio aumenta. Manter seus dados seguros e privados pode ajudar a proteger contra esse abuso online.

8. Riscos profissionais: Informações pessoais divulgadas online podem impactar suas oportunidades de carreira. Empregadores potenciais podem formar opiniões com base em informações que você preferiria manter privadas.

9. Perda de controle: Se você não se preocupa com a privacidade, você perde o controle sobre seus próprios dados. O Artigo 18, III, reforça o direito de controlar o acesso e a correção de seus dados.

10. Ameaças à segurança pessoal: Finalmente, a falta de privacidade pode levar a ameaças à sua segurança pessoal, como o doxing, que é a exposição pública de informações privadas.

Não subestime a importância de proteger seus dados pessoais. Assumir o controle de sua privacidade não apenas protege você contra esses perigos, mas também garante seus direitos fundamentais. Não importa quem você é. Para Thiago Rosa, Bacharel em Direito com certificações na área de privacidade e Diretor da ANPPD (Associação Nacional de Privacidade de Dados), se faz necessário pensar na privacidade no início de cada projeto que possa impactar a vida pessoal das pessoas. Um bom exemplo de se pensar em privacidade é a morte do brasileiro nos Estados Unidos por elogiar o cachorro de alguém que ele não conhecia. Os brasileiros são muito amistosos, mas em outros países a cultura é diferente e as pessoas são mais fechadas, se preservam mais e não é bem-visto invadir o espaço da outra pessoa. Leia aqui a íntegra desta reportagem.

O coordenador dos cursos superiores de tecnologia da Universidade Paulista Campus Tatuapé, Prof. Me. Rene Ignacio, expressa uma preocupação pela cultura brasileira ser “invasiva” no aspecto das relações humanas, diferente da cultura americana e de países europeus. As diferenças interpessoais entre as regiões são atribuídas a vários fatores, incluindo históricos, culturais e climáticos. A pesquisa de Geert Hofstede (1980) demonstra que as sociedades latino-americanas são geralmente mais coletivistas, colocando grande ênfase em laços familiares e comunitários, resultando em interações mais calorosas e amigáveis. Por outro lado, as sociedades dos EUA e do Norte da Europa são tipicamente mais individualistas, valorizando a independência e autossuficiência, o que pode levar a interações mais reservadas e distantes.

Um estudo conduzido pelo psicólogo Evert Van de Vliert (2013) também sugere que o clima pode desempenhar um papel nas diferenças de comportamento interpessoal. Ele postula que, em climas moderadamente frios, como muitos encontrados nos EUA e na Europa, as pessoas podem precisar ser mais concentradas e trabalhadoras para sobreviver, resultando em interações mais formais. Por outro lado, em climas mais quentes, como na América Latina, as necessidades básicas de sobrevivência são mais facilmente satisfeitas, permitindo maior foco na socialização e na construção de relacionamentos. Se a pessoa já tem uma pré-disposição a ser individualista e concentrada, naturalmente se sentirá incomodada com uma pessoa aberta e invasiva, fator que é comum nas relações interpessoais de pessoas de diferentes culturas, climas e histórias.

Essas e outras questões são importantes para serem debatidas, a fim de saber o nível de privacidade (que envolve a proximidade) que deve ser praticado quando nos relacionamos com outras pessoas, e incluindo das empresas para com os seus funcionários. É por isso que a LGPD exige que as empresas tenham o DPO/Encarregado de Proteção de Dados (art. 41), novo profissional responsável pelas orientações quanto as práticas necessárias para o cumprimento da LGPD. Veja aqui quem são os Profissionais de Privacidade de Dados disponíveis em seu estado e aprovados pela Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (ANPPD). Quer se aprofundar no assunto, tem alguma dúvida, comentário ou quer compartilhar sua experiência nesse tema? Escreva para mim no Instagram: @davisalvesphd.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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