Ao contrário do que dizem os puristas, cachorro-quente e vinho combinam

Tudo pode ser comido tendo a bebida como acompanhante, desde que você goste e que tenha alguns critérios

  • Por Esper Chacur Filho
  • 19/03/2021 12h09
Mateusz Feliksik/Unsplash Imagem com dois sanduíches do tipo hot dog No Brasil, o acompanhamento do cachorro-quente varia de local para local

Pão de leite, salsicha tipo Frankfurt, maionese e vinho: é possível a convivência? Sim, é, e explico. À contramão do que escreveram por aí uns e outros, autointitulados conhecedores e que insistem em querer sofisticar a bebida, afirmo que tudo pode ser comido tendo o vinho como acompanhante, desde que você goste e que tenha alguns critérios. Bem, o hot dog, a despeito da criação norte-americana, onde ele é comido no pão sovado, acompanhado de um molho agridoce à base de picles, mostarda e ketchup, tem “DNA” germânico. No Brasil, o acompanhamento varia de local para local. Em São Paulo usa-se muito o purê de batatas, além dos molhos; no Rio de Janeiro, muita gente põe ovo cozido; em Minas Gerais, milho verde e batata-palha, e por aí afora. Só para ilustrar: quem trouxe o cachorro-quente para o Brasil foi o dono de uma sala de cinema na Cinelândia, no Rio, isso em 1926. Seu nome era Francisco Serrador. Essa novidade inspirou Ary Barroso e Lamartine a comporem a marcha “Cachorro-Quente”, em 1928. 

Há tempos, os mais progressistas que escrevem sobre vinho têm admitido a harmonização, e Sabrina Trézze já bem pontuou: “Para mim, os tintos de corpo leve e pouca acidez são os que mais fazem bonito nesse aspecto [de harmonizar com cachorro-quente]. Justamente porque a arte da harmonização está no equilíbrio, ou seja, o vinho não pode se sobrepor ao sabor do alimento e vice-versa. Assim como na vida, moderação é o segredo do sucesso”. O cachorro-quente pode ser acompanhado de vinho tinto leve (e refrescado), por exemplo, um Pinot Noir francês, como é o caso do Calmel & Joseph Villa Blanche Pinot Noir, ou um Pinot Argentino, como o Circus Pinot Noir. Se quiser algo mais fresco e leve, o rosé com boa acidez é uma escolha certa, ou mesmo um espumante Brut nacional.  O que vão importar são a acidez e o frescor. Eles tornarão o vinho até digestivo. A Miolo tem um bom espumante rosé que vai muito bem. Da Salton, o Lunae Rose frisante é bem agradável. De Portugal, o conhecido Mateus Rosé segura bem a salsicha no pão, mesmo com um molho mais agridoce. O que importa é que dê prazer. Salut!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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