Brasil ‘doma’ as castas da Borgonha para produzir ótimos tintos; conheça

Gamay ganhou destaque especial nos vinhedos do Rio Grande do Sul, nos brindando com vinhos frescos e fáceis de beber; Pinots Noir nacionais são mais versáteis que os franceses para as harmonizações

  • Por Esper Chacur Filho
  • 06/11/2022 11h10
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Arquivo Pessoal/Esper Chacur Fihowe Garrar e taça de vinho sobre a mesa, cpm garrafinha de água atrás Cultivar a uva Pinot Noir fora da Borgonha é uma verdadeira arte, que exige muito conhecimento e técnica.

A viticultura no Brasil é recente se levarmos em conta os quase milenares chateaux e domaines que encontramos na Europa, especialmente na Borgonha, França. De lá vêm três uvas que, em que pese não manterem as mesmas características do berço, vêm conquistando o gosto do nosso bebedor de vinhosRefiro-me às uvas Pinot Noir, Gamay e Chardonnay (vou focar nas duas tintas, até porque, das três, a que mantém mais tipicidade e identidade com a origem é a Gamay). É a uva emblemática de Beaujolais, pois é cultivada em praticamente toda a extensão da região. Essa variedade pode ser vinificada tanto em tinto quanto em rosé. No Brasil, ganhou destaque especial nos vinhedos do Rio Grande do Sul, nos brindando com vinhos frescos e fáceis de beber. Nosso Gamay tem fácil harmonização com aperitivos, saladas, sopas, peixes, pizzas, carnes brancas e queijos, principalmente o do tipo Emmenthal. Daqui do Brasil recomendo o Wild Gamay Miolo, o Capoani Gamay Noveau e o Garbo Vinho Rosé Gamay. 

A Pinot Noir, por seu turno, não conseguiu guardar a tipicidade da Gamay. Os vinhos daqui refletem um terroir mais rústico, são mais alcoólicos que os da origem (francesa), porém têm um potencial gastronômico incrível. A Pinot Noir é uma casta de difícil manejo para o viticultor e, via de consequência, seus vinhos são mais caros que de outras castas mais versáteis. No Brasil, vale lembrar, a Pinot Noir é uma das principais uvas utilizadas na fabricação de espumantes. Entre todas as uvas tintas, a ela é a mais delicada e complexa, sendo bastante vulnerável a apodrecimento e mofo durante o cultivo. Cultivá-la fora da Borgonha é uma verdadeira arte, que exige muito conhecimento e técnica. A verdade é que o viticultor brasileiro soube domá-la melhor que os chilenos, por exemplo. Os Pinots Noir nacionais são mais versáteis que os franceses para as harmonizações, sendo ótimos acompanhantes de embutidos e presuntos crus. Vão bem até com pizza, passando por churrascos menos gordos e queijos brancos. Dos Pinots nacionais, sugiro que provem o Alísios Pinot Noir, o Luiz Argenta Pinot Noir e o Terroir Pinot Noir da Valduga. Salut!  

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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