Brunello e Rosso: Conheça os reis de Montalcino

Vinhos com características bem diferentes que pertencem ao mesmo local estão disponíveis no mercado nacional e valem seu preço

  • Por Esper Chacur Filho
  • 22/01/2021 09h00
Foto: Esper Chacur Filho Centro de Montalcino, localizado na região da Toscana, na Itália

Costuma-se dizer que o Rosso de Montalcino é o “primo pobre” do nobre Brunello. Mas será que é isso mesmo? Rodrigo Mazzei, em seu Blog “Vinhos e Viagens” diz que “mais vale um bom Rosso que um Brunello ruim” e eu tendo a concordar com ele. Agora temos que colocar “os pingos nos is”. Um Brunello tem peculiaridades que um Rosso não tem. Não serve a afirmação que o Brunello é o Rosso engarrafado em anos excepcionais. Brunello é Brunello e Rosso é Rosso; no entanto, são da mesma região – Montalcino –, mas são vinhos diferentes. O Brunello tem um envelhecimento mínimo de 2 anos em tonéis de carvalho e tem que envelhecer em garrafa por, no mínimo, 4 meses (6 meses para o Reserva) e somente estará pronto para o mercado a partir de 1º de janeiro, 5 anos após a colheita (ou 6 anos após a colheita para o Reserva).

O Rosso tem envelhecimento de 6 meses em carvalho e estará pronto para o mercado já a partir de 1º de setembro do ano seguinte à colheita. Assim sendo fica menos em contato com o carvalho e como tal é menos tânico. O Brunello é produzido a partir das vinhas mais velhas do produtor e o Rosso a partir de vinhas mais novas, tendo assim menos complexidade que os Brunellos. Como o Rosso di Montalcino precisa ficar menos tempo em carvalho, os produtores acabam liberando-o para venda num tempo mais curto e assim ele acaba gerando fluxo de caixa enquanto o Brunello envelhece. Os dois, seja Brunello ou Rosso, são vinhos de muito estrutura e que acompanham muito bem uma culinária rica em gorduras ou em proteínas fortes, como, por exemplo, uma bisteca a fiorentina ou um brasato. Ambos precisam ser abertos com alguma antecedência e, se muito novos, merecem uma boa aeração num decanter. Para o clima brasileiro, uma refrescada, até um patamar de 18ºC é recomendável.

Grandes produtores estão nos portfólios dos importadores, recomendo o Casanova di Neri, seja Brunello ou Rosso, como um dos melhores. Para quem quer começar a trilhar entre os vinhos de Montalcino, uma boa opção, e bem cessível, é o Brunello de Montalcino da Cantina di Montalcino, que custa o preço de um Rosso de outras mais pontuadas. As “joias da coroa” dos Brunelli, sem dúvida alguma, são o Soldera e o Biondi Santi e quem tem produzido um grande Brunello, nos últimos tempos, é o Angelo Gaja (famoso com seus vinhos do Piemonte) que é o Brunello de Montalcino Pieve Santa Restituta – Gaja. Neste contexto, todos os vinhos citados estão disponíveis no mercado nacional e valem seu preço. Salut!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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