Por que há predominância de Bordeaux entre os vinhos franceses?

História desta supremacia, digamos assim, se deve a qualidade das bebidas da região, o que é inegável, mas também ao mercado inglês, que ditou e continua ditando as regras de consumo

  • Por Esper Chacur Filho
  • 09/07/2021 10h00
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Esper Chacur Filho Duas taças de vinho pouco cheias, uma com vinho tinto outra com vinho branco em cima de uma toalha de mesa branca Hoje em dia, o vinho de Bordeaux é facilmente encontrado em qualquer supermercado do mundo

Se os leitores prestarem atenção ao mercado nacional, ou mesmo sul-americano, de vinhos e o que eles oferecem, perceberão que há uma predominância de Bordeaux entre os vinhos franceses. E vou mais além: os produtores locais, exceto os uruguaios, se inspiram mais em Bordeaux para produzir seus vinhos. Basta ver a preponderância do chamado “corte bordalês” (cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc/petit verdot). A história desta supremacia, digamos assim, se deve a qualidade dos seus vinhos, o que é inegável, mas também ao mercado inglês, que ditou e continua ditando as regras de consumo. Isso ocorreu e continua até hoje porque Bordeaux pertenceu à Inglaterra de 1.154 até 1.472 e, naquela época, o vinho de Bordeaux era um “vinho inglês” e de qualidade — coisa que na Bretanha não há. Como o comércio era dominado pelos ingleses, com sua frota naval, o vinho de Bordeaux (então inglês), era vendido e distribuído por toda a Europa. 

Hoje em dia, este vinho é facilmente encontrado em qualquer supermercado do mundo. Os rótulos disponíveis por aqui ainda são poucos, se considerarmos que em Bordeaux há mais de 4 mil produtores de vinhos que põem no mercado mundial desde os Premiers Crus até os de Petit Chateaux, que podem ser encontrados por menos de R$ 100 no Brasil. A região de Bordeaux tem potencial de criar vinhos com um tempo muito longo de envelhecimento, chegando a 20 ou 30 anos. A combinação do tipo de solo, geografia, clima e as variedades de uva utilizadas produz esse efeito na bebida. Esta longevidade está diretamente ligada a sua estrutura. Como bem coloca Fábio Grassioto em seu blog “Que Vinho”, estrutura é a arquitetura que agrega todos os componentes de um vinho; é o que permite que alguns durem mais que outros sem que estraguem. Os principais componentes dessa arquitetura que contribuem para a longevidade são os taninos e a acidez. Também merecem destaque os vinhos brancos de Bordeaux, já que a região nos oferece excelentes brancos de mesa, ou seja, para acompanhar lautas refeições. Sou capaz de afirmar, sem medo de errar, que o gosto pelo vinho de Bordeaux está ligado aos fatores acima, mas também à versatilidade, que é possível em face dos cortes que os vinhateiros vêm fazendo com suas castas. Um bom Bordeuax, que não precisa ser necessariamente caro, é sempre bem-vindo. Salut! 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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