Saiba quais são as diferenças entre o Barolo e o Barbaresco, dois vinhos do Piemonte

As bebidas levam o nome de duas vilas medievais italianas e diferem no tempo de envelhecimento, na graduação alcoólica e nos pratos com os quais mais combinam

  • Por Esper Chacur Filho
  • 29/01/2021 15h19 - Atualizado em 29/01/2021 15h21
Esper Chacur Filho/Jovem Pan Vila medieval de Barolo dá nome a um magnífico vinho italiano

Barolo e Barbaresco são as “joias da coroa” dos vinhos do Piemonte e, junto com os Brunelli (estes da Toscana), disputam as mesas mais requintadas da culinária italiana. É ao redor destes tintos que a criatividade da cozinha da “Bota” se sobressai e se reinventa. Entretanto, focando nos dois piemonteses, algumas considerações e diferenças se destacam. Vou me valer de uma frase do Angelo Gaja, cultuado produtor piemontês: “Mulher é Barbaresco, homem é Barolo”. Antes das diferenças, as duas bebidas têm em comum a uva Nebbiolo, varietal de ambas. Barolo e Barbaresco, na verdade, são duas vilas medievais, mais ou menos próximas, que emprestam seus nomes para designar os vinhos produzidos em suas regiões demarcadas, cujas sutilezas de solo, terroir e do homem os tornam diferentes. 

O Barbaresco é mais leve e elegante, enquanto o Barolo é mais poderoso e concentrado. As diferenças fundamentais nas regras de produção dos dois vinhos são: tempo de envelhecimento (Barolo pelo menos três anos, sendo dois em barris de madeira, e pelo menos dois anos para o Barbaresco, um em barris de madeira); e graduação alcoólica mínima (Barolo, 13%, e o Barbaresco, 12,5%). Quando jovem, o Barolo costuma ser mais tânico, e o Barbaresco, mais ácido. Ouso dizer que o Barolo envelhece melhor que o Barbaresco, e que este último pode, quando engarrafado, já estar pronto para o consumo. Se fosse beber ambos numa única refeição, abriria-os com uma antecedência mínima de uma hora e os deixaria em decantares para aerarem. Se fossem da mesma safra, começaria, via de regra, com o Barbaresco e beberia o Barolo do meio para o fim da refeição. Agora, afirmo: ambos os vinhos são sedutores. 

O Barbaresco, por sua delicadeza, vai muito bem com pratos de massa, com molhos mais delicados, e até com frutos do mar não carregados em alho e outros condimentos. O Barolo já é um excelente par para carnes gordas — uma paleta de cordeiro temperada nas ervas é o grande prato para este vinho. Por aqui, temos muitas opções de ambos. O Bruno Rocca faz um Barbaresco fantástico e cultuado no mundo todo. O Barbaresco Roversi é bem acessível no preço e indicado para aqueles que querem começar a trilhar pelos caminhos do Piemonte. O Barolo do Marchesi di Barolo é um clássico: fácil de beber e fácil de encontrar. Já o Barolo do Massolino, também com farta oferta no mercado, precisa de algum cuidado na escolha do prato, pois um molho errado (tomate, por exemplo) pode “amargar” o vinho e tornar a refeição indigesta. Um Barolo que está chegando a preço acessível é o Collina San Ponzio Barolo. Claro, não tem a complexidade dos demais citados, mas carrega consigo uma tipicidade respeitável. Salut. 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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