Vinhos fortificados melhoram com o tempo e tem o dulçor como característica marcante

Bebida é produzida com aguardente vínica, que susta a fermentação e mantém o alto índice de açúcar natural e teor alcoólico elevado

  • Por Esper Chacur Filho
  • 25/09/2022 11h34
  • BlueSky
Esper Chacur Filho/Arquivo Pessoal Foto de garrafa e taça de vinho Vinhos fortificados apareceram em grande escala após o ciclo dos descobrimentos e das grandes campanhas marítimas da Idade Moderna

Quando falamos em vinhos fortificados de pronto costuma vir à mente o famoso vinho português “oPorto”. Entretanto há muitos outros vinhos fortificados pelo mundo. Além do Porto, Moscatel de Setúbal, Madeira, Açores (Portugal), Jerez de La Fronteira (Espanha), Marsala (Itália) e alguns bons exemplares no Novo Mundo: Madera da California, Malamado da Argentina e por aí afora.  A técnica de produção é basicamente a mesma, no início da fermentação inclui-se aguardente vínica que susta a fermentação mantendo alto índice de açúcar natural e teor alcoólico elevado. Os vinhos fortificados apareceram em grande escala após o ciclo dos descobrimentos e das grandes campanhas marítimas da Idade Moderna, onde tais vinhos passaram a ser tratados como commodities pelos ingleses e holandeses e precisavam de um grau de preservação no transporte naval que, muitas vezes, seguiam rotas de três a quatro meses.

O dulçor costuma ser uma característica de tais vinhos que, com o tempo, se ameniza. Outro ponto que merece destaque é que os vinhos fortificados costumam ser longevos e, a maioria, evolui, melhora, com o tempo. Ainda, são vinhos que não requerem grandes cuidados no armazenamento, mesmo que recomendado seja o cuidado. Importante destacar que o vinho fortificado pode ser doce, como é o caso de um Jerez Pedro Ximenes, ou seco, como um Marsala Dry. Normalmente os doces são melhores apreciados ao final de uma refeição, acompanhando alguns tipos de queijos ou mesmo frutas. Já os secos podem ser consumidos como aperitivos, são ótimos parceiros de embutidos ou “fiambres”, por exemplo, um Jerez Fino Dry e um presunto cru,  tipo Serrano, são excelentes companheiros. Os vinhos fortificados não, necessariamente, são próprios para acompanhar sobremesas doces, entretanto um Vinho do Porto envelhecido, onde o dulçor dá lugar a acidez, é um grande companheiro de uma Rabanada ou de outros doces da culinária portuguesa (especialmente aqueles que levam gemas de ovo). Da nossa rica culinária, recomendo que provem um doce de abóbora ou uma cocada mole com uma taça de Madeira Fine Rich (que deve ser servido refrescado). Nosso famoso e maravilhoso pudim de leite é um grande companheiro de um Moscatel de Setúbal Roxo, que, sugiro, seja servido levemente refrescado. 

Seguem algumas sugestões de vinhos fortificados possíveis de encontrar por aqui. Um Madeira que recomendo é o Justino’s 10 anos; um gostoso Marsala é o Florio Dry, O Jerez doce que sugiro é o Hidaldo – Pedro Ximenez Viejo Triana. Um Jerez mais seco e que tem bom custo é o Barbadillo Fino Sherry e o Moscatel de Setúbal da Bacalhôa Vinhos é uma opção muito equilibrada e fácil de encontrar. Do Novo Mundo indico o argentino Malamado Malbec, do Brasil o Casa Perini Éden é uma boa opção, assim como Casa Rossa Vinho Licoroso Tinto da Union Distillery. Seja qual for o vinho fortificado, em face do clima do Brasil, recomendo que seja servido levemente refrescado. Salut!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.