Fernanda De Nadai largou carreira corporativa e, com R$ 300, fundou empresa de artesanato que ajuda outras mulheres

Em menos de um ano, ela realizou o sonho de viver da sua própria arte: ‘Minha grande missão tem sido tornar a habilidade de fazer produtos manuais uma profissão reconhecida e valorizada no Brasil’

  • Por Fabi Saad
  • 11/08/2021 10h00
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Divulgação Mulher loira com a cabeça apoiada nas mãos sorrindo para a câmera Fernanda De Nadai, artesã, mentora de negócios criativos e fundadora da Academia do Artesanato

Nossa Mulher Positiva desta semana é Fernanda De Nadai, artesã, mentora de negócios criativos e fundadora da Academia do Artesanato (@academiadoartesanato no Instagram). Após atuar mais de 15 anos no mercado corporativo, seguir carreira como pesquisadora científica e ser responsável pela gestão do maior curso de uma universidade de São Paulo, ela decidiu deixar uma carreira acadêmica promissora para empreender no ramo do artesanato. Começou seu negócio com R$ 300 e, em menos de um ano, realizou o sonho de viver da sua própria arte. “Foi justamente esta conquista e a paixão pelo ensino e por ajudar pessoas que me trouxeram inspiração e expertise para fundar a Academia do Artesanato e ajudar outras mulheres artesãs e criativas a também transformarem seus trabalhos manuais em um negócio estruturado, capaz de gerar renda, liberdade financeira, dignidade e valorização pessoal. Fui a primeira pessoa a criar um programa de formação em empreendedorismo voltado exclusivamente para mulheres artesãs e criativas, e hoje sigo difundindo esses conteúdos em programas de TV do ramo de artesanato na mídia brasileira e recentemente também em Portugal”, conta.

1. Como começou a sua carreira? Quem é a Fernanda De Nadai? Sou uma mulher que sonha e trabalha diariamente e incansavelmente para transformar mulheres com talentos manuais e criativos em empreendedoras de sucesso. Sou mestre em administração pela PUC-SP, mãe de dois filhos, artesã paulista e minha grande missão nos últimos seis anos tem sido tornar a habilidade de fazer produtos manuais e a opção por viver de arte um trabalho e uma profissão reconhecida e valorizada no Brasil. Sempre tive paixão pelas artes manuais e pelo ensino. Aos 10 anos, criava e vendia bijuterias na escola. Com 14, comecei a dar aulas para as amigas e primas de pintura a óleo sobre tela. Então, sempre fui artesã, influenciada pelas minhas avós, principalmente pela paterna, que foi uma mulher muito empreendedora. Ela fazia tapetes em tear manual, doces artesanais, e se tornou viúva muito jovem. Criou seus quatro filhos com a venda de seus produtos artesanais. Apesar do exemplo, demorei para ter coragem de empreender e viver da minha arte. Nesse meio tempo, estudei administração, atuei por mais de 15 anos no mercado corporativo e depois, fazendo mestrado, a paixão pelo ensino retornou e segui carreira acadêmica como pesquisadora científica. Sempre movida a desafios, conquistei o cargo de coordenadora do curso de graduação e MBA em uma grande universidade de São Paulo, aos 23 anos, onde era responsável pela gestão do maior curso da instituição, com mais de dois mil alunos e mais de 120 professores.

Poucos anos depois, com a perda do meu primeiro filho, senti a necessidade de me conectar novamente às artes manuais, e foi aí que resolvi deixar uma carreira acadêmica promissora para empreender no ramo. Comecei meu negócio artesanal com R$ 300 e, em menos de um ano, percebi que havia estruturado meu próprio método de gerar lucro com a venda de enxovais artesanais para bebês. Poder dizer que eu vivo da minha arte se tornou um sonho realizado pra mim, e foi justamente esta conquista e a paixão pelo ensino e por ajudar pessoas que me trouxeram inspiração e expertise para fundar a Academia do Artesanato e ajudar outras mulheres artesãs e criativas a também transformarem seus trabalhos manuais em um negócio estruturado, capaz de gerar renda, liberdade financeira, dignidade e valorização pessoal. Fui a primeira pessoa a criar um programa de formação em empreendedorismo voltado exclusivamente para mulheres artesãs e criativas, e hoje sigo difundindo esses conteúdos em programas de TV do ramo de artesanato na mídia brasileira e recentemente também em Portugal.

Sou apaixonada pelo mundo do empreendedorismo feminino e acredito que toda mulher pode empreender com os recursos que possui, desenvolver características empreendedoras, se decidir, se movimentar, se capacitar e ser protagonista de sua própria vida e de sua família. Uma das chaves para uma sociedade mais desenvolvida e com mais oportunidades passa pelo desenvolvimento pessoal e profissional da mulher. Esta é a minha missão, fazer do artesanato e das artes manuais, uma habilidade disponível para a maioria das mulheres, independente da classe social, renda ou faixa etária. Eu acredito que não existem dificuldades para quem foca nos seus “para quês”, nos motivos que levam a decidir empreender, mesmo diante de obstáculos, da limitação de recursos, porque são sempre os nossos motivos que vão nos desafiar cada dia a seguir em frente. E eu posso dizer que a minha vida é movida pelo novo, pelo desafio, e é por isso que eu acredito que o céu é o limite para quem ama o que faz, e que a palavra desistir não deve estar entre as nossas opções.

2. Como é formatado o modelo de negócios da Academia do Artesanato? A Academia é uma escola online de empreendedorismo para artesãos, artistas e todas as mulheres que desejam empreender com os talentos manuais que possuem. Atuo com a geração de conteúdos gratuitos, cursos online e mentorias nas principais mídias sociais e na nossa plataforma de ensino, buscando resgatar a confiança, autoestima e diminuir a vulnerabilidade feminina a partir da capacitação em gestão e empreendedorismo.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? O mais difícil foi vivenciar a perda do meu primeiro filho e pedir demissão do meu cargo de coordenadora pedagógica para atender o chamado do meu coração: o de empreender com minha arte. Apesar de amar muito o que eu fazia, eu trabalhava muitas horas por dia e vivia no piloto automático. Hoje percebo que, apesar de ter sido desafiador, a escolha de empreender me fez descobrir minha missão de vida neste momento, me colocou frente às minhas vulnerabilidades, medos e inseguranças, e isso tudo me fez expandir muito por dentro e por fora e me trouxe competências e experiências que são as minhas bagagens para atuar como mentora de mulheres que desejam percorrer o mesmo caminho que percorri. Hoje, me sinto realizada com este momento da minha vida profissional e cheia de sonhos e objetivos maiores para serem feitos.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Mantendo o olhar voltado para o meu norte, os meus objetivos, estabelecendo prioridades e me mantendo focada e atenta ao que é importante e realmente tem valor para mim. E quando a cobrança interna vem, a de ser a melhor mãe, a super mulher e excelente profissional, eu relembro à mim mesma que sou uma mulher “possível”, e por isso só preciso fazer o meu melhor todos os dias. Não sou a Mulher Maravilha, por isso não preciso ser “perfeita” em todos os meus papéis.

5. Qual seu maior sonho? Ver cada vez mais mulheres criativas empreendendo com seus dons e talentos manuais, conquistando sua liberdade e independência financeira através da profissionalização em gestão e empreendedorismo e do desenvolvimento do mercado de artesanato no Brasil e em Portugal.

6. Qual sua maior conquista? Ter sido pioneira e hoje ser referência no Brasil em cursos e mentorias de gestão e empreendedorismo voltados ao mercado das artes manuais.

7. Livro, filme e mulher que admira. Livro é “A Coragem de Ser Imperfeito”. Filme eu diria “À procura da felicidade” e uma das mulheres que admiro muito é Luiza Helena Trajano.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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