Fernanda Torres espera transformar vidas com escola de beleza: ‘Me recuso a ficar parada’

Cearense radicada em São Paulo há 15 anos conta que suas alunas saem da Beautyfull com o MEI aberto e acompanhamento personalizado na gestão do novo negócio

  • Por Fabi Saad
  • 06/10/2021 10h00
Divulgação Fernanda Torres, mulher na faixa dos 40 anos, dá uma palestra em uma sala com prateleiras dos dois lados e um monitor de TV atrás dela, posicionado pouco acima da cabeça, com Fernanda Torres é advogada, comunicadora e empreendedora do setor de beleza

Nossa Mulher Positiva desta semana é Fernanda Torres, advogada, comunicadora e empreendedora do setor de beleza, atualmente, sócia do Beautyfull (ecossistema digital que se propõe a conectar todas as necessidades do segmento da beleza) e CEO da Escola Beautyfull Brasil. Cearense radicada em São Paulo, hoje ela mantém o foco no projeto social de educação empreendedora no setor de beleza. Fernanda conta como iniciou sua carreira e o que faz para manter o equilíbrio, além de trazer uma grande novidade em primeira mão: o projeto de expansão educacional em seu segmento que visa gerar emprego e renda. “Acreditar que podemos transformar vidas de forma rápida e que o acesso a um curso profissionalizante pode tirar muitas mulheres do mundo da violência. Precisamos unir forças de todos os setores para minimizar esses números da pandemia, e eu não vou medir esforços para colaborar para a redução desse número. Eu, como mãe e mulher, não posso ficar omissa. Eu me recuso a dizer não e a ficar parada. Temos que agir com soluções inovadoras, é urgente.”

1. Como começou a sua carreira? Quem é a Fernanda Torres? Sou cearense radicada em São Paulo há 15 anos. Me formei em direito e iniciei no mercado de beleza advogando para salões. Sempre me vi como uma empreendedora do setor que busca por inovações, sempre pensando “fora da caixinha”. Criei os eventos “Fóruns de Gestores da Beleza”, realizado em mais de 30 cidades do Brasil, e depois os “Cafés com Gestores” em diversas regiões de São Paulo. Todos buscavam trazer conhecimento na área de gestão e empreendedorismo. Em 2017, visando aumentar essa rede de networking colaborativa, criei o aplicativo Conexão Beauty, com salas de bate-papo entre empreendedores do setor de beleza. Já em 2018, senti a necessidade de compartilhar esse conteúdo em todos os cantos do Brasil. Por isso, criei o canal BBN (Beauty Brasil Network), no YouTube, focado no setor, hoje com mais de 5 mil inscritos. Em seguida, em 2019, criamos o primeiro ecossistema do setor, o Beautyfull, no qual atendemos profissionais de beleza em todo país com diversas funcionalidades, como clube de compras, bank personalizado, contabilidade e consultorias. O meu mais novo projeto é a educação empreendedora. No cenário pós-pandemia, o setor sofreu com a evasão de profissionais e falta de mão de obra. Com isso, lançamos a primeira escola de beleza na comunidade de Paraisópolis, formando alunos para o mercado de trabalho. Hoje contamos com 60 alunas no primeiro curso, todas mulheres.

2. Como é formatado o modelo de negócios da Escola Beautyfull? A escola é uma união dos projetos sociais Belezinha Brasil e G10 Favelas, em parceria com a Alicerce Educação. Criamos um braço educacional de ensino técnico inovador com formação rápida para que essas alunas possam chegar no menor espaço de tempo no mercado de trabalho, abrindo sua própria empresa ou trabalhando em um espaço. O nosso foco é que essas alunas saiam com mentalidade empreendedora. Todas sairão com o MEI aberto e sendo orientadas e acompanhadas na gestão do seu negócio. Assim, elas podem ter acesso a linhas de crédito e a uma conta bancária, iniciando sua formalização e saindo do mercado informal.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Não vejo como momentos difíceis, mas desafiadores. Como um dos pilares de todas as frentes de negócios são fomentados por eventos, na pandemia não teve jeito, sem eventos, sem fomento aos negócios. Tive que me reinventar em pouco tempo. Passei por uma experiência política como candidata a vereadora na capital para representar o setor de beleza. Foi uma experiência transformadora na minha vida, pois tenho filho pequeno, sem escola na pandemia, e ainda tive que ser professora durante a campanha . Esse, sem dúvida, foi o momento mais desafiador da minha carreira profissional. E como mãe, num momento tão delicado para as mulheres que sofreram pressão profissional. Comigo não foi diferente, mas isso me fez uma mulher mais forte.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? É um desafio diário, pois, como uma empreendedora na veia, não tem como não misturar a vida pessoal com profissional. Ainda temos gestão familiar, sou sócia do meu marido, tenho um filho de 5 anos e estou grávida, esperando o Thomas. Acredito que tudo isso me fez mais focada no meu tempo, valorizo cada 5 minutos que tenho. Tento ter tempo de qualidade e não quantidade, pois sobra pouco para me dedicar a mim mesma. Tenho buscado o autoconhecimento para ser melhor tanto como esposa, mãe e profissional.

5. Qual seu maior sonho? Que a minha história possa inspirar outras mulheres. Saí de Fortaleza há 15 anos buscando um sonho na capital paulista. Hoje vivo a realidade desse sonho. Contei muito com minha mentalidade otimista e obstinada para criar uma história na Terra da Garoa que tanto me acolheu. Hoje, quero que meus filhos tenham orgulho da mãe deles.

6. Qual sua maior conquista? A minha história teve voz transformadora na vida de muitas mulheres. Nasci no sertão cearense, não foi fácil chegar até aqui. Me separei aos 24 e vim embora só com uma mala para São Paulo. E deu tudo certo!

7. Livro, filme e mulher que admira. Livros são “O Que Eu Sei de Verdade”, da americana Ophah Winfrey, e biografias. Todas, em especial de Olga, Hebe Camargo e Raquel de Queiroz. Filme, diria “Olga”. E as mulheres que eu admiro são todas as que tiveram coragem e ousadia. São muitas brasileiras, como Maria da Penha, Elza Soares, Leila Diniz e Fernanda Montenegro. Essas são algumas, mas o Brasil tem muitas ocultas por não terem oportunidade de voz. Ainda!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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