Incomodada com falta de diversidade, Carolina Cavenaghi ajuda empresas a chegarem à igualdade de gênero
Formada em Relações Internacionais, ela trabalhou durante anos no mercado financeiro até criar a Fin4She, plataforma para profissionais e companhias que querem conectar-se com a equidade de gênero
Nossa Mulher Positiva desta semana é Carolina Cavenaghi, que é formada em Relações Internacionais, com especialização em Marketing Estratégico e aluna do MBA – Advanced Boardroom Program for Women, além de mãe do Tom e do Martin. Carolina, que trabalhou durante anos no mercado financeiro, teve um renascimento pessoal e profissional na maternidade, quando começou a se conectar com o tema da diversidade e observar outras mulheres que estavam no mesmo momento que ela. “Percebi a dificuldade de ter representatividade. Percebi que nós, mulheres, fizemos avanços incríveis nas últimas décadas, não somente no campo pessoal como também no profissional, mas que ainda tínhamos um degrau e uma desvantagem enorme em relação aos homens”, relata. Após a volta da licença-maternidade, ela realizou o evento Women in Finance, que reuniu mais de 800 mulheres para discutir sobre o protagonismo feminino no mercado financeiro e fundou a Fin4She, plataforma para profissionais e empresas que buscam conectar-se com a equidade de gênero de forma inspiradora. Segundo a empreendedora, seu maior sonho é, com o que ela faz de melhor, deixar um legado e um impacto positivo para o mundo.
1. Como começou a sua carreira? Comecei no mercado financeiro em 2006, por meio de um processo de estágio no Banco Modal. Trabalhei por quase 15 anos no mercado, em empresas como Citibank, e nos últimos 10 anos em uma gestora de fundos de investimentos, a Franklin Templeton. A maternidade foi um renascimento pessoal e profissional para mim. Foi quando eu comecei a me conectar com o tema da diversidade e observar outras mulheres que estavam no mesmo momento que eu. Percebi a dificuldade de ter representatividade. Percebi que nós, mulheres, fizemos avanços incríveis nas últimas décadas, não somente no campo pessoal como também no profissional, mas que ainda tínhamos um degrau e uma desvantagem enorme em relação aos homens. Eu precisava falar e fazer algo sobre isso. E, assim, desde 2019, após a volta da licença-maternidade do meu segundo filho, eu comecei a pesquisar e pensar em algumas iniciativas relacionadas à diversidade, sendo o evento Women in Finance a primeira delas. Para minha surpresa, mais de 800 mulheres se inscreveram para ir ao Masp assistir à discussão sobre o protagonismo feminino no mercado financeiro. O resultado foi acima de todas as expectativas e um divisor de águas na minha carreira.
2. Como é formatado o modelo de negócios da Fin4she? A Fin4She é uma plataforma para profissionais e empresas que buscam conectar-se com a equidade de gênero de forma inspiradora, impulsionando os resultados dos negócios, por meio de ações práticas e como parte de uma comunidade que vê em cada mulher a oportunidade de transformar o mundo.
Atualmente, a plataforma atua em algumas frentes como: banco de currículos e portal de vagas, cursos (Fin4she Academy), eventos (Women in Finance e F4S Young Summit) e membership corporativo.
3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Passei por vários momentos difíceis na minha carreira. Porém, destaco o que, na minha opinião, foi o mais transformador. Após a maternidade, a minha relação com o trabalho mudou. Senti mais do que nunca que o trabalho passou a ter uma importância e relevância diferente na minha vida. Trabalhar passou a ser o “meu” tempo, quando eu estava 100% dedicada, comigo mesma. E quando eu tive essa consciência tudo mudou. Foi preciso ter muita coragem para eu seguir o que eu queria, mudar e principalmente acreditar em mim mesma para encarar uma jornada empreendedora.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Não existe uma receita mágica. Acredito que todas nós estamos em busca do equilíbrio e de uma versão melhor de nós mesmas, seja como mãe, como empreendedora ou como mulher. O fato é que precisamos de mais leveza e adaptabilidade. E nós mulheres temos esse dom. Somos boas em nos reinventar, em nos adaptar e olhar para frente. Temos que nos lembrar sempre de que não se trata de uma escolha, entre ser ou fazer apenas uma coisa ou outra, e sim de ser humana.
5. Qual seu maior sonho? Melinda Gates, que traçou seu caminho na filantropia e no ativismo pela igualdade, diz que depois de um certo momento da vida talvez você já tenha o que precisa no nível material e questiona: “O que vem em seguida? Qual seria o seu próximo passo?” Ela é categórica e afirma que a resposta está “onde os nossos dons se conectam com uma necessidade maior com o mundo”. Nesse sentido, o meu maior sonho é conectar o que eu faço melhor para fazer o bem. Deixar um legado e um impacto positivo para o mundo.
6. Qual sua maior conquista? Sou mãe de dois meninos, o Tom e o Martin, e eles são a minha inspiração e potência. Eles ressignificam a minha vida e minha carreira, me ensinam a ter foco, refletir e rever os meus valores frequentemente. As minhas principais conquistas foram, após a maternidade, acreditar em mim mesma, colocar meus projetos em prática e ter coragem para seguir os meus sonhos.
7. Livro, filme e mulher que admira. Tem alguns livros, filmes e mulheres que admiro e me marcaram ao longo da minha vida. Porém, gostaria de destacar o livro “O Momento de Voar”, da Melinda Gates, que foi a minha grande inspiração para começar a Fin4she. No livro, ela conta como conhecer a realidade de outras mulheres mudou sua vida e diz que, se você quer elevar a humanidade, empodere as mulheres. É o investimento mais amplo, universal e com maior potencial de alavancagem que podemos fazer pelo bem do ser humano. Melinda Gates diz: “Enquanto eu empoderar outras mulheres, elas me empoderam. É um caminho sem volta”. E eu compartilho esse mesmo sentimento.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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