Rejane Toigo conta como marketing digital a salvou de uma dívida de R$ 1 milhão: ‘Hoje tenho uma empresa lucrativa’
Mulher Positiva desta semana é formada em odontologia e já administrou rede de lojas, mas percebeu que seu futuro estava no empreendedorismo online
Nossa Mulher Positiva é Rejane Toigo, estrategista digital e fundadora da Like Marketing. Rejane nos conta como iniciou sua carreira e revela como algumas mudanças impactaram sua vida de forma positiva. “Tive momentos em que pensei: ‘Meu Deus, eu desisti da odontologia para vir para esse negócio e me sentir fracassada!’. O marketing digital foi que literalmente me despertou e me deu perspectiva para eu continuar trabalhando para pagar aquelas dívidas”, revelou. Hoje a empreendedora do segmento de produtos digitais faz a empresa crescer 300% ao ano.
1. Como começou sua carreira? Me formei em odontologia e, quando trabalhava como especialista em endodontia, eu comecei a ter algumas crises e me perguntar se eu ia realmente ser feliz dentro de um consultório dentário. Foi nesta fase que conheci meu marido, que na época era dono de uma marca de roupa, a No Stress. Eu morava em Santa Catarina e trabalhei com ele por alguns anos e fiquei administrando algumas lojas, quando ele precisou ir trabalhar com a família dele. Nesse momento, cheguei a ter quatro lojas em shopping centers e duas franquias de um novo modelo de loja infantil. Então, eu estive no varejo por quase dez anos. E em algum momento eu comecei a enxergar a venda pela internet como uma realidade. Pela demanda dos clientes, eu decidi que precisava montar um e-commerce para as minhas lojas. Foi nessa fase, em 2009, que eu tive o primeiro contato com o digital.
Comecei a estudar muito para montar um e-commerce e entendi que o modelo de negócio das minhas lojas não era um modelo que poderia me levar para onde eu queria. Então, tratei de me organizar para vender, fechei algumas unidades das lojas e vi no marketing digital, principalmente, no marketing de conteúdo, o futuro. Percebi que as pessoas iam começar a usar cada vez mais internet através das redes sociais, e as redes sociais seriam um novo ponto de venda. Então, em 2011, montei a Like Marketing. Depois, a Like Marketing evoluiu e nós passamos a fazer não só marketing de redes sociais, mas todo o marketing 360 de uma empresa. E, num determinado momento, a gente conheceu o infoproduto, uma forma de marketing de educação, e isso se tornou bem atrativo.
Um pouco antes de 2016, comecei a trabalhar com profissionais da área da saúde. Lancei produtos de informação, ou seja, um infoproduto, lancei alguns cursos e, de lá para cá, temos crescido dentro da área da saúde. hoje nós somos uma das principais agências produtoras de conteúdo médicos neste segmento. Em paralelo a isso, nós temos cursos internos, de marketing digital, onde ensinamos as pessoas a atuarem com o marketing digital. Esses cursos surgiram dentro de uma necessidade interna de treinar a equipe, então precisava contratar uma pessoa. Como estamos no interior de Santa Catarina, não tinha mão de obra especializada e precisávamos fazer isso. Foi aí que começamos produzir vídeos para treinar quem vinha trabalhar com a gente. E esses vídeos acabaram se tornando cursos que a gente disponibiliza também para o mercado.
2. Como é formatado o modelo de negócios da Like Marketing? A Like possui três braços. O primeiro braço é a de prestação de serviços, o marketing de conteúdo e marketing digital. Construímos as estratégias de posicionamento de profissionais ou de empresas na área da saúde e executamos essas estratégias. Então, nós desenvolvemos conteúdo para blog, YouTube e sites. Páginas estáticas de site, podcast, Instagram, Facebook, TikTok e todas as redes sociais que o cliente precisa atuar. Esse formato é o nosso braço de prestação de serviço. Nós também temos uma carteira de clientes recorrentes e 100% deles são da área da saúde. Se um desses clientes tiver interesse em lançar o seu produto, um curso online, nós vamos desenvolver a estratégia de venda para esse curso e a estratégia de venda em cima da audiência que estamos construindo com o marketing de conteúdo. Nesse momento, o cliente passa a ser sócio da Like Lançamentos e se torna um dos nossos experts. Passamos a chamá-lo não mais de cliente, mas, sim, de expert. Nós executamos toda a parte digital e orientamos o profissional sobre o que ele deve fazer para termos resultados com a venda desse curso.
Nosso outro braço é a Like Ensina, onde transformamos a Like Marketing em uma agência escola. A Like Ensina tem vários cursos de marketing digital em que o aluno pode se inscrever. O principal é a formação social media, no qual coloco no mercado profissionais bem-posicionados para atuarem como social media, para atuarem com o marketing de conteúdo e desenvolverem os seus negócios nos moldes e na metodologia com a que a gente trabalha na Like. Nós também temos outros cursos periféricos, mas todos de marketing de conteúdo. A partir de março, teremos o programa Like Escola, em que os alunos vão poder vir à empresa — mediante seleção — e ficar uma ou duas semanas fazendo um estágio em todos os setores da Like. O nosso objetivo é que as empresas, os negócios de marketing de conteúdo e as pequenas agências tenham condições de ver como funciona uma agência grande e possam aprimorar os seus processos para prestar melhores serviços e conseguir um faturamento mais justo.
3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Foi quando eu tinha lojas e me dei conta de que o negócio não era lucrativo, que o meu modelo de negócio não era um modelo sustentável. Eu entrei em dívidas, foi um momento difícil e não tinha dinheiro sequer para fechar as lojas. Eu devia ao shopping, devia impostos, estava sempre atrasando meu cartão e eu tinha uma folha de pagamento muito volumosa e não tinha condições de pagar a rescisão dos funcionários. Acho que esse foi o momento mais difícil. Aquele que fiquei com a autoestima muito abalada. Tive momentos em que pensei: “Meu Deus, eu desisti da odontologia para vir para esse negócio e me sentir fracassada!”. O marketing digital foi que literalmente me despertou e me deu perspectiva para eu continuar trabalhando para pagar aquelas dívidas. Quando fechei as lojas, eu tinha cerca de R$ 1 milhão em dívidas, isso no início de 2011. Felizmente, as possibilidades no digital, naquela época, não eram tão expressivas, mas já existiam. Com o tempo, foi ficando ainda melhor. As oportunidades foram aumentando e a gente foi conseguindo se organizar para hoje ter uma empresa lucrativa.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Eu vejo muito essa pergunta por aí, eu vejo muitas pessoas falando sobre isso e sinceramente não tenho essa dificuldade. Acho que eu sou a mesma pessoa no pessoal e corporativo. Então, eu não vejo necessidade de me equilibrar, porque eu estou indo viajar de férias agora e, embora eu não esteja trabalhando diretamente, eu estou trabalhando o tempo todo. Empreendedora é isso, né? Eu nunca deixo de ser empreendedora quando eu estou jantando com meu marido, quando eu estou curtindo com a minha família ou quando eu estou viajando de férias. Eu também não deixo de ser uma pessoa quando eu estou no meu trabalho. Então, para mim, não é uma coisa difícil, porque você é as duas coisas o tempo todo. Por isso, não sei se faz sentido dizer que necessita desse equilíbrio, dentro de mim as duas coisas estão muito vivas. Eu tenho uma empresa, sou uma mulher e sou todas as coisas o tempo todo. Não tenho essa dificuldade ou esse dilema. Eu sempre fui tudo ao mesmo tempo e, para mim, é óbvio que às vezes você deixa a empresa para resolver um problema do teu filho ou deixa teu filho para resolver um problema da empresa. Isso faz parte da vida de qualquer pessoa.
Hoje meu filho tem 17 anos, inclusive trabalha comigo (e o marido também). Então, fica uma mão na roda porque a nossa vida familiar também é dentro da empresa. Aconteceram algumas coisas neste ano que eu acho que é importante falar. Depois de dois anos de pandemia, em que tivemos muitas pessoas trabalhando online, onde o escritório ficou vazio e eu ia sozinha para lá, nós decidimos, em 2022, fazer uma reforma. Fizemos uma ampliação que durou nove meses. Nesses nove meses, eu fiquei sem sala. Então, eu trouxe a minha sala de dentro da empresa para casa. E isso é uma algo que eu não vou mais fazer. É algo que eu aprendi nesse período: eu quero ir para a empresa trabalhar. Talvez a minha separação ou meu equilíbrio esteja de espaços físicos. Eu não quero mais ter um escritório em casa. Quero chegar em casa e fechar o “looping” das coisas da empresa. A empresa fica no terreno de trás da minha casa, por isso tenho a facilidade de só atravessar o jardim. Mesmo assim, é o que eu quero para mim. Ter a minha sala lá e, quando eu chegar em casa, quando eu atravessar o jardim e chegar em casa, entender que não estou mais ligada nas questões da empresa.
5. Qual seu maior sonho? Meu maior sonho é conseguir que a Like se autogerencie. Esse é um projeto que eu comecei agora, o autogerenciamento. Quero poder ficar seis meses em alguma universidade fora do país, estudando neurociência. Isso é o que desejo. Gostaria de ter um projeto também para popularizar a neurociência, explicar para as pessoas como o cérebro funciona, porque eu sei que isso pode mudar a vida de muita gente. Se uma criança sabe como o cérebro funciona… Ou se uma pessoa soubesse o que o álcool faz em seu cérebro, provavelmente ela não beberia. Acho que essas informações faltam no mundo. Não sei se eu vou concretizar porque, às vezes, os sonhos também servem para ser sonhados e não para serem realizados. Não sei se vou realizar, mas é um sonho que eu tenho
6. Qual sua maior conquista? É um casamento de 23 anos, um filho de 17 anos que nunca usou drogas, que é skatista, e que também trabalha na Like Marketing. Ter criado uma empresa que desenvolve pessoas e que, por meio do conhecimento, faz essas pessoas ganharem liberdade financeira. Nesse final de ano, um funcionário que trabalha há um ano e meio na agência pôde comprar um carro para o pai dele, que é professor, só tinha uma moto e tinha que viajar até outra cidade para dar aula. Quando vejo essas coisas que vieram daquilo que eu plantei, os frutos que vieram daquilo que iniciamos há 11 anos, eu fico muito feliz. Considero essas três coisas as minhas maiores conquistas. Um filho saudável e inteligente, um casamento próspero e equilibrado e uma empresa autossustentável, que ajuda e posiciona pessoas a conquistarem sua liberdade financeira.
7. Livro, filme e mulher que admira: Um livro: “O Gene Egoísta”, de Richard Dawkins. Um filme: “Uma Mente Brilhante”. Mulheres: Coco Chanel (in memorian), Angela Merkel e Sabrina Sato.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.