Inflação chegou de vez e só não será pior em 2022 porque o Banco Central tem agido prontamente

Indicador pode facilmente bater 5%, ficando acima do teto superior da meta; quanto mais medidas populistas, que já estão à vista e palpáveis, mais pressão nos preços

  • Por Fernanda Consorte
  • 16/11/2021 14h52 - Atualizado em 16/11/2021 16h20
Marcello Casal Jr./Agência Brasil Cédulas de real desfocadas Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) subiu 1,19% em novembro, após ter recuado 0,31% em outubro

Acreditem em mim, ao ler jornais, ver noticiários, conversas de elevador, e sobretudo ao ir às compras, sempre o tema inflação virá à tona. Sim, as coisas estão caras e os índices mostram isso. Hoje por exemplo, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 1,19% em novembro, após ter recuado 0,31% em outubro. O IGP-10 acumulou um aumento de 17,47% no ano e em 12 meses ficou em 19,78%. É bastante coisa. Como tem acontecido, os combustíveis contribuíram para a aceleração da taxa do IGP-10, como exemplo temos o preço do diesel subiu 10,10% e da gasolina 10,31%. No mesmo sentido, semana passada tivemos uma surpresa para cima do IPCA de outubro. Essas surpresas têm levado a revisões das projeções do mercado financeiro para a inflação em 2021, que segundo Relatório Focus divulgado nesta manhã, subiu pela 32ª semana consecutiva. A mediana das expectativas subiu de 9,33% para 9,77%, ou seja, cada vez mais próxima dos dois dígitos e distante do teto da meta a ser perseguida pelo BC, de 5,25%. Há um mês, estava em 8,69%. Piora considerável.

E mais, a estimativa para a inflação em 2022 também continuou subindo, de 4,63% para 4,79% em uma semana, e foi o 17º aumento seguido. A mediana das estimativas dos analistas está cada vez mais próxima da banda superior da meta (5,00%), sinalizando risco de novo rompimento da meta no ano que vem. E notem, há quatro semanas, estava em 4,18%. Mas o que explica isso? Na nossa visão, o cenário de inflação poderia ser explicado em três palavras: inércia, câmbio e fiscal. E em todas elas temos um vetor de alta de inflação. Sim, temos os juros, temos uma economia fraca, mas combater esses três aí, tem que ter força. Explicamos adiante. Inércia: as novas surpresas com preços de energia e combustíveis, extensão dos problemas de oferta e possíveis elevações em planos de saúde vão dar sugestão de maiores repasses de preços em 2022. 

A manutenção de um patamar alto da taxa de câmbio, que mantém os IGPs acima de 20%, não deve dar folga à inflação aos consumidores. Lembrem-se, 30% da cesta de consumo dos brasileiros pode ser importando, e, portanto, está atrelado a câmbio. E fiscal, meus colegas, é impulso de consumo imediato. Quanto mais medidas populistas, que já estão à vista e palpáveis, mais pressão nos preços. Inflação em 2022 pode bater fácil 5%, acima do teto superior da meta. Só não será pior porque o Banco Central tem agido prontamente, e já será um vetor de ajustes em expectativas. A taxa Selic deve voltar para 2 dígitos já no início do ano, e aqui já falamos em 12% ao ano, ou até mais. Vamos aguardar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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