Combater o estigma da esquizofrenia é um dos principais desafios dessa doença mental

Doença que afeta a maneira como um indivíduo pensa, sente e se comporta é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos

  • Por Jaqueline Falcão
  • 24/05/2023 17h26 - Atualizado em 24/05/2023 17h30
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Arquivo Pessoal/Jorge Cândido de Assis Homem em quarrto com bibloteca atrás Jorge Cândido de Assis, autor do livro Entre a Razão e a Ilusão, Desmistificando a Esquizofrenia, teve a doença diagnosticada nos anos 80

Hoje, 24 de maio, é o Dia Nacional da Pessoa com Esquizofrenia, doença mental grave que afeta a maneira como um indivíduo pensa, sente e se comporta. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam a esquizofrenia como a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos de idade. A doença é cercada de estigmas, infelizmente. Mas não podemos cruzar os braços diante dessa realidade. Quem sofre e não é tratado sente que perdeu contato com a realidade e tende a se isolar. Na esquizofrenia, existe uma dissociação entre o real e o imaginário. A pessoa tem alucinações, sobre as quais afirma ser algo real (percepção de ouvir vozes, ter visões e sensações que não são compartilhadas por quem está ao lado). Os sintomas e a evolução variam de uma pessoa para outra. Em comum é que, com tratamento, ela alcança sua independência para seguir o seu dia a dia. As causas são ainda desconhecidas, mas estima-se que a pessoa tenha uma predisposição genética.

Para ajudar a esclarecer dúvidas a respeito dessa doença, chegou às livrarias mais uma edição de Entre a Razão e a Ilusão, Desmistificando a Esquizofrenia, da editora GRUA Livros, que faz um convite ao leitor para um entendimento próprio sobre a jornada da pessoa e convivência com essa condição ao longo da vida. Jorge Cândido de Assis, um dos autores do livro, teve o diagnóstico na década de 80. Para ele, o livro pode ajudar muitas pessoas, sobretudo, para uma palavra de esperança, que é possível na vida de quem tem a doença. Jorge chegou a ficar internado por um mês quando teve uma crise. A doença não o impediu de seguir suas atividades, como cursar universidade, mas lembra que o estigma é doloroso. “Você não existe socialmente. Quando você está em esquizofrenia, as pessoas se afastam. Se você tem dificuldade, as pessoas te rotulam”, diz. Jorge faz tratamento regularmente. A última crise da doença ocorreu há 11 anos.

Rodrigo Bressan, médico psiquiatra e professor da Unifesp, também autor do livro, aponta que o estigma se impõe como uma enorme barreira para o tratamento. E um momento de crise da doença é apontado pelas pessoas como loucura. Daí vem a necessidade de desmitificar a doença. “A definição de loucura está em oposição à sensatez. A loucura existe, mas num espaço de tempo. Na vida de alguém com esquizofrenia que convive há 40 anos com a doença, isso corresponde a 3 ou 4 meses. Isso não define a vida de uma pessoa, mas por conta desse momento, o paciente é definido como maluco”, comenta o psiquiatra.

Além da importância da adesão ao tratamento, Bressan destaca a questão do acesso a serviços e a alguns tipos de medicamentos. “Em todo lugar do mundo com saúde de excelência existem serviços para o primeiro episódio psicótico. Isso é algo bem estabelecido, testado economicamente. Estados Unidos ficaram atrasados 20 anos, mas investiram no serviço. O Brasil já sabe disso faz tempo, mas os únicos serviços estão nas universidades, mas, no máximo, em quatro em todo o país. Isso tinha que ser política pública”, pontua o psiquiatra. “É possível ter esperança, uma esperança realista. Cada dia, cada semana tentamos melhorar”, diz Jorge, ao falar sobre o propósito do livro em diminuir sofrimento e estigma dos pacientes. “A esquizofrenia não é uma coisa, como um livro ou um caderno, que nós lemos ou escrevemos, é uma forma de estar no mundo”, afirma Jorge, que hoje se dedica a levar conhecimento sobre a doença, a fim de ajudar pacientes e familiares. Veja AQUI onde comprar o livro.

CURTAS

Novo tratamento para problema de visão em bebês

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Aflibercepte para o tratamento da Retinopatia da Prematuridade (ROP), doença ocular que afeta a vascularização da retina e atinge cerca de 25% dos bebês recém-nascidos prematuros. A medicação tem uma ação muito significativa no desfecho visual que estes pacientes terão na vida adulta. “Diagnosticar e tratar ROP é imprescindível”, comenta a Dra. Maria Rita Burlamaqui, médica oftalmologista da divisão farmacêutica da Bayer. O diagnóstico é realizado através do exame de fundo de olho.

MV anuncia parceria com apoio da inteligência artificial

A MV anuncia parceria com a Amazon Web Services (AWS), em busca de soluções para trabalhar a gestão da Jornada da Saúde sob uma nova perspectiva, com apoio da inteligência artificial. A parceria dará acesso para a MV ao Data Lake especializado em saúde da empresa norte-americana. É uma ampla gama de serviços em IA e machine learning, com soluções para análise e governança de dados. “Criamos um verdadeiro intercâmbio e cooperação para o conhecimento da área, com trocas de experiências que vão aprimorar as soluções em saúde, com tecnologias embarcadas em nossos produtos, ao mesmo tempo em que conseguiremos transformar as informações médicas em dados”, explica Andrey Abreu, diretor corporativo de Tecnologia na MV. 

Avène lança dermocosmético para agir na causa do envelhecimento

Mais um produto no mercado de anti-idade é lançado. A Avène, marca do Grupo Pierre Fabre, lançou o Hyaluron Activ B3, que combina os ativos Niacinamida, Ácido Hialurônico e Adenosina. A ação, promete o fabricante, é estimular a regeneração celular de forma duradoura, agindo diretamente sobre as causas do envelhecimento celular, e não simplesmente para corrigir os sinais da passagem do tempo na pele. O segundo integrante da linha é um produto para a área dos olhos, com tripla ação corretiva: preenche o contorno dos olhos e reduz bolsas e olheiras.

Nova prótese que dá mais agilidade é apresentada na Hospitalar 2023

Os últimos avanços em próteses de membros superiores e inferiores estão entre as novidades que serão apresentadas na Hospitalar, feira que acontece em São Paulo. A empresa alemã de próteses e órteses Ottobock traz três novidades: uma prótese para membros superiores e duas para membros inferiores. A Bebionic Facelift, uma prótese multiarticulada que está em uso desde março de 2023 pelo biólogo Sérgio Romaniuc Neto, de 60 anos, é uma das inovações apresentadas. Ele utiliza equipamentos no lugar dos dois braços após ter sofrido um acidente com fiação elétrica ocorrido em 1989. “Nesses 34 anos percebo que a tecnologia para membros superiores melhorou cada vez mais e aprimora a qualidade de vida. Hoje em dia pegar um copo com uso de uma prótese é muito mais fácil do que quando comecei a utilizar esses equipamentos”, afirma.

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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