Médicos que cuidam de diabetes e doenças cardiovasculares receitam antidepressivos, diz pesquisa

Estudo mostra que 27% se dizem capacitados para tratar seus pacientes; tratamentos devem obedecer critérios

  • Por Jaqueline Falcão
  • 18/11/2022 09h00 - Atualizado em 18/11/2022 13h28
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Uma recente pesquisa feita com 654 médicos endocrinologistas, cardiologistas e outros especialistas em diabetes e doenças cardiovasculares no país mostra um dado curioso: 62% deles receitam antidepressivos para seus pacientes. A pergunta que fazemos é “seriam eles os médicos que deveriam tratar depressão?”. Esse resultado é um dos recortes do questionário “Receita de Médico: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”, apresentado no DIACORDIS 2022, em São Paulo, liderado pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. O estudo envolve um setor de inteligência composto pelo DIACORDIS, ENDODEBATE e Editora Clannad. Segundo a pesquisa, 27,9% responderam que tratam esses pacientes por serem capacitados para isso. Outros 7,1% afirmam que não tratam apenas por não terem capacitação, mas que gostariam de ser capacitados. Outros dados que requerem atenção são que 40% dos entrevistados não encaminham o paciente a um especialista em saúde mental; 12% explicam os riscos da depressão e pedem a seus pacientes que eles tenham ânimo para sair da crise depressiva, e 62,2% indicam medicamentos antidepressivos. 

Para Barra Couri, algumas ponderações são necessárias. “Endocrinologistas e cardiologistas devem tratar a depressão? Existe espaço para educação continuada desses especialistas? Ou o caminho mais interessante seria estreitar o diálogo entre clínicos que cuidam do diabetes e dos problemas cardiovasculares e psiquiatras”, reflete. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a depressão é um transtorno mental comum que, globalmente, atinge 5% dos adultos. A depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo e é um dos principais contribuintes para a carga global de doenças. Além disso, a depressão, que é graduada em leve, moderada e grave, pode levar ao suicídio. O tratamento da depressão vai depender da gravidade, episódios ao longo de um período e outros critérios. Segundo a OMS, os profissionais de saúde devem ter em mente os possíveis efeitos adversos associados à medicação antidepressiva. Os antidepressivos não são a primeira linha de tratamento para a depressão leve. 

O endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri (Divulgação)

Obesidade também merece destaque

Um outro tema da pesquisa foi obesidade. Mesmo com a compreensão de que obesidade é uma doença crônica, três entre dez especialistas interrompem tratamento após perda de peso. Pouco mais da metade dos endocrinologistas (54,2%) e um terço dos cardiologistas (33,7%) apontam que o tratamento medicamentoso da obesidade deve ser para sempre. Entre os demais especialistas entrevistados, esta foi a visão de quase metade (46,9% deles). A interrupção do tratamento resulta em perda de janela de oportunidade de redução do risco cardiovascular. Embora quase todos os participantes desta pesquisa de percepção entendam que a obesidade seja uma doença crônica e quase metade aponte para a não descontinuidade dos medicamentos, um terço deles afirma que o tratamento medicamentoso pode ser suspenso caso o paciente apresente uma boa perda de peso. “Se o médico, no fundo, não acredita que um tratamento deve ser contínuo, ele dificilmente ajudará o paciente no engajamento”, lamenta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri.

Curtas

doTerra lança óleo Erva baleeira e pastilha com cúrcuma

Para quem é adepto de óleos essenciais, mais uma novidade acaba de chegar. A doTerra lançou o óleo erva baleeira, de aroma herbáceo com toque amadeirado que ajuda a refrescar a pele. Pode ser usado no difusor de sua escolha, adicionado ao seu limpador ou hidratante de pele. Outra novidade é a Turmeric Pastilha, que possui dois componentes químicos singulares, a turmerona e a ar-turmerona. A raiz e o óleo essencial de cúrcuma são substâncias botânicas importantes nas tradicionais práticas de saúde ayurveda da Índia e têm uma longa história que inspirou muitos dos usos modernos do ingrediente atualmente

O recado da ABRAIDI

Durante o 11º Encontro da Coalizão Interamericana de Ética no Setor de Tecnologia Médica, em Boston, Nos Estados Unidos, a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI) defendeu, durante as mesas de discussões, que todos os players do setor de saúde se comprometam com a integridade e com práticas concorrenciais mais éticas. O presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, destacou algumas distorções no Brasil que ainda comprometem esses propósitos. “Há cinco anos temos promovido um levantamento anual que revela problemas que só existem no país, como retenções de faturamento, glosas injustificadas e inadimplência. Somadas, essas distorções chegaram a R$ 1,45 bilhão em recursos contingenciados por hospitais e planos de saúde, na última pesquisa apresentada no primeiro semestre deste ano”, destacou Sérgio Rocha.

2 mitos e 1 fato sobre ceratocone

A oftalmologista Priscilla Drudi responde aqui dois mitos e um fato sobre ceratocone, doença da visão que afeta a estrutura da córnea, danificando seu formato e espessura. 

  • Coçar os olhos não afeta a córnea e nem aumenta o grau de astigmatismo? Mito. Pacientes com ceratocone possuem, geralmente, um histórico de alergia ocular associada e o hábito de coçar os olhos causa uma deformidade na primeira lente do olho conhecida como córnea, além de poder aumentar o grau de astigmatismo.  
  • Usar lente de contato impede a piora do ceratocone? Mito. As lentes de contato podem melhorar a visão do paciente, porém não impedem a progressão da doença. Para reduzir a chance de progressão, o paciente deverá parar de coçar os olhos com ajuda de tratamentos para a alergia ou ser submetidos a procedimentos.
  • A cirurgia para correção de grau pode causar ceratocone? Fato. Alguns pacientes que já possuem predisposição genética e alterações leves na córnea podem desenvolver uma ectasia pós-cirurgia refrativa que tem as mesmas condições do ceratocone.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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