Bolsonaro prefere polarizar com Lula desgastado por corrupção

Presidente prefere não se importar com propaganda negativa sugerida por pesquisas; Bolsonaro confia que a fidelidade de sua base popular e o apoio do Centrão lhe garantem a reeleição

  • Por Jorge Serrão
  • 24/01/2022 12h34
Antonio Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo - 24/11/2021 Jair Bolsonaro gargalha em frente a um fundo, aparentemente uma parede, com a bandeira do Brasil Presidente Jair Bolsonaro ainda não concretizou sua candidatura à reeleição

Os estrategistas da reeleição de Jair Bolsonaro têm a convicção de que é inviável a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo: o desgaste do nome dele ligado à corrupção e à gestão incompetente do PT. Lula não tem condições de sair às ruas, ao contrário de Bolsonaro (que as “pesquisas” afirmam estar “impopular”). Acontece que a suposta polarização com Lula favorece Bolsonaro. Da mesma forma que o movimento (com apoio do Centrão) que começa derreter com a imagem de Sergio Moro. E do mesmo jeito com que Lula e Moro vão brigar, naturalmente, entre si.

O ocaso do petista é flagrante. Se Lula estivesse realmente liderando alguma pesquisa, não agiria com tanto desespero para conquistar apoio da cúpula tucana (ignorando solenemente que o PSDB tenha, oficialmente, o governador de São Paulo, João Doria, como seu pré-candidato). Não combina com a segurança psicológica de um “favorito” o desespero com que corre atrás dos primos FHC e, principalmente, Geraldo Alckmin (expurgado do seu velho PSDB). Desgastado pelo estigma de “corrupto descondenado pelo Supremo”, Lula tenta o milagre de se firmar na aventura da corrida ao Palácio do Planalto. A velha “estratégia das tesouras” (petistas sucedem tucanos no poder, ou vice-versa) agora é substituída pelo desespero da estratégia da colagem.

A leitura dos movimentos de Lula é bem clara. Ele nunca esteve realmente tão fraco politicamente, contrariando o que propagam nas inconfiáveis pesquisas. Lula perdeu a aposta de que conseguiria reverter, a favor dele, o apoio do Centrão – sobretudo da parte mais volátil e volúvel do MDB. O Centrão fechou com Bolsonaro, sem perspectiva de traição. Lula não consegue nem o apoio da esquerda que sempre o acompanhou. Tenta dividir o PDT, mas nada indica que tenha sucesso. Além disso, o lançamento da candidatura de Ciro Gomes deixou claro, definitivamente, que o PT e seu primo PSDB não têm propostas para consolidar o inevitável crescimento do Brasil na crise pós-pandemia.

Aliás, o petismo só aposta no caos para enfraquecer Bolsonaro. A tendência é perder a aposta, pois o maior investimento em infraestrutura da história, em andamento na gestão Bolsonaro, vai garantir o crescimento produtivo consistente. A mentira petista não se sustenta. Nesse ritmo de desmoralização, ninguém se surpreenda se Lula desistir da disputa, no meio do ano, caso se confirme o risco concreto de ele sofrer uma derrota vergonhosa para Jair Bolsonaro. A desculpa esfarrapada para tirar o corpo fora pode ser um alegado “problema de saúde”. Lula já era.

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