A nova cara do governo Bolsonaro

Em abril, quase metade dos ministros vão trocar seus ministérios pela campanha; haverá vaga também nas secretarias federais e representações nos Estados

  • Por José Maria Trindade
  • 04/02/2022 14h31
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - 11/11/2021 O presidente Jair Bolsonaro, de terno preto, camisa branca e gravata azul, sentado, coça a cabeça em frente a uma parede laranja Bolsonaro afirmou que vai trocar 11 ministros do seu atual governo por causa das eleições deste ano

O governo vai passar por uma profunda mudança a partir de abril. A reforma ministerial é uma exigência da lei eleitoral, mas com forte influência do próprio presidente Jair Bolsonaro. A decisão do grupo político aliado é de “botar o bloco na rua”. O presidente está convencido que errou na campanha de 2018 ao não apostar na eleição de deputados e principalmente senadores. Pelas contas do presidente, a força bolsonarista teria eleito pelo menos cem deputados e 15 senadores, levando em conta que nas últimas eleições a disputa era por duas vagas por Estado.  No início do governo, ele enfrentou dificuldades políticas e teve que se aliar ao Centrão para garantir uma estabilidade mínima, seguro para governabilidade e contra impeachment. Para as eleições deste ano, a programação está sendo formada e o presidente quer um candidato ao Senado por Estado, diretamente ligado a ele. A campanha deste ano será diferente e está sendo mais profissionalizada. 

O presidente Jair Bolsonaro revelou que terá 11 dos 23 ministros em campanha. Ele escala alguns, como decidiu que o ministro  da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, será candidato ao governo em São Paulo e que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, será candidata ao Senado. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, diz que não será candidato e avalia “se é melhor que ele continue ministro para ajudar o país nesta nova onda da Covid ou se sai. Por enquanto, eu fico no ministério. Saio se o presidente me der como missão a candidatura”. O filho do ministro, o estudante de medicina Antônio Queiroga, está sendo preparado para a candidatura e participa de agendas com o pai e com outros integrantes do governo. 

Quase metade dos ministros saem e precisam de reposição, e aí nasce um novo problema: a disputa. Além dos 11 ministros, ficarão vagos a partir de abril, por exigência da lei, diretorias de estatais e secretarias nacionais. O Centrão se candidata e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, se fortalece e vai comandar estas mudanças. Os novos aliados do presidente disputam com o grupo raiz, prioridade nas nomeações que chegarão a cargos importantes nos Estados. Mesmo com esta nova cara, a gestão vai andar, tendo as linhas básicas definidas pelos líderes do momento. Uma nova situação em que o grupo político ganha terreno. Este avanço já está gerando debates internos com os ideológicos, aliados de primeira hora. Para se ter uma ideia do que representa seis meses de primeiro escalão do governo, muitos deputados topam abrir mão da disputa eleitoral para ficar ministro temporário, ou “tampão”, como diz o presidente.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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