Jovem Brasília chega aos 61 anos triste como todo o país

Capital é a terceira em número de habitantes e perde apenas para São Paulo e Rio; é lenda pensar que a cidade é de políticos: por aqui eles são minoria e passam longe, quando o problema é local

  • Por José Maria Trindade
  • 21/04/2021 14h33
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Marcelo Casal Junio/Agência Brasil Texto da reforma administrativa alterado pelo relator será encaminhado para uma comissão mista formada por deputados e senadores Vista aérea do Congresso Nacional

No dia em que a rainha Elizabeth II completa 95 anos, a jovem senhora Brasília chega aos 61 anos de existência. A coincidência de datas não significa muita coisa, mas indica que a capital federal tem muito a ensinar sobre a sua breve existência e resultados apresentados. Com quatro milhões de habitantes, cerca de seis milhões contando o entorno — cidades que estão fora do quadrado mágico do Distrito Federal –, Brasília já está firmada entre as maiores cidades, sendo a terceira em número de habitantes no país. Perde apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Uma grande cidade independente. A capital cresceu e vai muito bem, obrigado. É lenda pensar que Brasília é a cidade de políticos. Por aqui eles são minoria e passam longe, quando o problema é local. Poucos são os moradores que convivem ou conhecem de perto os deputados, senadores, ministros e presidente. Estes, assessores e políticos, formam um grupo temporário que vem e que vão ao sabor dos movimentos políticos e núcleos de poder. Alguns ficam. Se integram e viram brasilienses de carteirinha.

Não é defesa da cidade contra os chavões: “Se jogar uma bomba em Brasília os nossos problemas estarão resolvidos”. Não, porque a bomba destruiria a cidade, mataria cidadãos honestos que vivem por aqui e os políticos estariam a salvo nas suas cidades. Eles nunca estão por aqui. Por outro lado, Brasília não tem uma chave que aciona a máquina de criação de políticos, eles chegam por votos da sua cidade e do seu Estado. O maior papel da construção da capital federal no Centro Oeste já está cumprido em menos de 60 anos: a centralização do desenvolvimento é uma realidade. É visível a mudança no quadro demográfico. A região é outra, com estradas, aeroportos, estruturas e indústrias. O mais incrível desta história toda é que Juscelino Kubitschek partiu do zero e inaugurou Brasília em 1960 em apenas mil dias. Diz aqui o senador Izalci Lucas, eleito pelo Distrito Federal, que hoje não se consegue aprovar a abertura de uma empresa e nem pensar em finalizar uma licença ambiental para qualquer obra em menos de cinco mil dias. O certo é que, nos seus 61 anos, a cidade está triste como todo país. Sem solenidades, festas ou eventos, calada, a jovem senhora Brasília guarda seus segredos, histórias e sucessos, sem ressentimento dos cancelamentos Brasil afora. Parabéns candangos e brasilienses. Esta é uma cidade que tem a sua poesia, seus conceitos e caráter.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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