O Supremo Tribunal Federal controla a República

Nomeação de ministros, diretor da Polícia Federal e até de fundações se tornaram assuntos de juízes e ministros

  • Por José Maria Trindade
  • 08/11/2021 18h52
Fachada do STF Palácio do Supremo Tribunal Federal na Praça dos Três poderes em Brasília

Nos tempos do presidente Collor, se falava por aqui que “tudo acaba em pizza”. A realidade mudou e agora “tudo acaba no Supremo”. Samuel Rosa mostra na letra que “o caminho só existe quando você passa”. Já o poeta espanhol Antônio Machado faz o alerta: “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”. O Supremo criou a estrada que os políticos agora andam. Ao aceitar reclamações sobre assuntos internos do Congresso, como interpretação de regimento interno e instalação de CPI, os ministros confirmam que aceitam esta nova demanda. Além de funções do Congresso, decisões judiciais avançaram nas funções do Executivo. Nomeação de ministros, diretor da Polícia Federal e até de fundações se tornaram assuntos de juízes e ministros. O caminho, portanto, está formado. 

Os agentes políticos são observadores e jogam a disputa do momento. Para se ter uma ideia, o ex-presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, foi ao Supremo contra o atual presidente da Casa, deputado Arthur Lira, por desobediência ao regimento, mesmo o plenário tendo aprovado a emenda aglutinativa e a votação à distância dos deputados em missão oficial. O costume político sempre foi a regra não escrita e seguida à risca de que a maior autoridade do Congresso é o regimento, mas o plenário manda no regimento e por isso quando há acordo e maioria no plenário, os acertos considerados duvidosos no regimento ganham força de lei. Sempre foi assim. O próprio presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, ao tomar posse, garantiu que a Corte não iria praticar o chamado ‘ativismo judicial’ e se abster de decisões sobre funções de outros poderes. Esqueceu-se de avisar aos colegas e o processo continua. A avaliação sobre a votação da Emenda Constitucional dos precatórios mostra exatamente esta realidade de um Supremo hipertrofiado na Praça dos Três Poderes.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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