Senadores estão em festa e já preparam a farra da CPI da Covid-19
Governistas estão alegres pela súbita valorização no mercado de apoio no Congresso, mas aposta é que a oposição vai crescer com o funcionamento da comissão
Os senadores estão em festa com a instalação da CPI contra o presidente Jair Bolsonaro, que leva o nome de CPI da Covid. Até governistas estão alegres pela súbita valorização neste macabro mercado de apoio no Congresso. A realidade se impõe e será um teste para três flancos do cenário político. Primeiro, uma chacoalhada na base do governo. Senadores serão chamados a se definirem de que lado estão. A bancada dos “independentes” terá que mostrar a cara. O independente é, antes de tudo, um dissimulado que não tem coragem de assumir a sua posição política. O governo terá que negociar estes apoios. Um balanço também vai acontecer na nova composição do governo e da força da nova ministra da Secretaria de Governo, deputada Flávia Arruda. Um trabalho previsivelmente difícil e que vai demandar apoio de caneta forte, com tinta. Isto significa nomeações e liberação de recursos. Por outro lado, o teste fica com a oposição, que até agora fez o papel do contra por ser contra. A aposta é forte de que a oposição vai crescer com o funcionamento da CPI.
Como diz o poeta Antônio Machado, “é andando que se faz o caminho”. É bem assim o funcionamento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Exatamente por isso que os governos não gostam deste plenário. O preço é alto e a conclusão, incerta. Ao incluir os governadores e prefeitos no escopo das investigações, boa reação do governo. Dados do programa da Controladoria Geral da União indicam claramente para onde foi cada centavo de recursos federais. Governantes estão sendo processados por isso em tempo real. O governo sabe muito bem o que fala quando defendeu a ampliação neste trabalho da CPI.
Criada oficialmente, a CPI da Covid ainda não tem um roteiro prático e será instalada na terça com a eleição do presidente da comissão. Já são três propostas de roteiro que passam por convocação de ex-ministros da Saúde, da Economia e assessores próximos ao presidente Jair Bolsonaro. O funcionamento será misto, com parte presencial e parte remota. “Se o Senado, Câmara, Ministério Público e Supremo estão trabalhando de forma remota, como uma CPI não pode funcionar?”, questiona o senador Randolfe Rodrigues, chamado de “bosta” pelo presidente Jair Bolsonaro. O líder do governo no Senado, senador Eduardo Gomes, alerta que três senadores e um deputado morreram em virtude da Covid-19. Além disso, mais de 16 assessores também perderam a vida, e por isso é preciso cuidado no funcionamento da Comissão. A oposição dominou a CPI a ponto de impor como presidente o senador Omar Aziz, como vice-presidente o senador Randolfe Rodrigues, e como relator o senador Renan Calheiros, mas ainda não concluiu como a comissão vai funcionar.
O que está mesmo em jogo é a disputa em 2022. A oposição tenta se organizar e a bancada governista procura se equilibrar. A CPI teve este poder de centralizar debates e posições. A largada já está sendo preparada e a importância dos trabalhos se dará no próprio andar da investigação. Já na instalação, na manhã da próxima terça-feira, será eleito o presidente e nomeado o relator. São posições importantíssimas. Bombas são esperadas durante as investigações e a disputa por posições já começou. O presidente Jair Bolsonaro tem razão ao se preocupar com a formação deste grupo. Vai doer, dores de cabeça à vista.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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