Agro monitora discussões que começaram na COP27

Meta do Brasil é reduzir em 37% as emissões de gases do efeito estufa até 2025

  • Por Kellen Severo
  • 07/11/2022 09h00 - Atualizado em 07/11/2022 11h02
Sedat Suna/EFE/EPA Letreiro da COP 27 em preto com o sol no fundo e o céu avermelhado Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será realizada no Egito até o dia 18 de novembro

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano, a COP27, começou neste domingo, 6, no Egito, e o agronegócio irá monitorar os debates. Há expectativa para apresentação de planos para os países atingirem as metas climáticas estabelecidas, para avanços no mercado de carbono e para o financiamento da transição verde. Segundo o ex-assessor de assuntos ambientais do Ministério da Agricultura, João Adrien, um dos grandes desafios para o agro está no chamado inventário de emissões, um documento divulgado pelo Brasil indicando o quanto emite de gases do efeito estufa. Segundo Adrien, a metodologia atualmente utilizada neste inventário computa apenas o que o setor agrícola gera de gases e não a capacidade que possui de removê-los da atmosfera. “É importante que nossa estratégia nacional contemple financiar esses indicadores e a ciência porque temos condição de demonstrar como a agropecuária brasileira produz removendo carbono”, ressalta.

Qual é a meta climática que o Brasil se comprometeu a alcançar? E em quanto tempo deverá ser concretizado?

João Adrien: O Brasil hoje tem uma meta de, até 2025, diminuir em 37% as emissões, 45% de redução em 2040 e atingir a neutralidade de emissões em 2050. Pelo setor agropecuário, a gente tem conseguido fazer avanços extraordinários, como a recuperação de quase 50 milhões de pastagens degradadas nos últimos 10 anos, os nossos biocombustíveis, o etanol. O Brasil, sobretudo na agropecuária, tem uma capacidade de respostas a esses desafios como nenhum outro lugar no mundo. Isso garante competitividade para nosso setor e representa renda.

Se a gente tiver capacidade de desenvolver um setor energético baseado em energias renováveis, o que vai ter que aumentar no país é biodiesel, etanol, bioeletricidade, entre outros fatores que, no fundo, é maior demanda para insumos agropecuários. Por outro lado, nosso maior desafio hoje é o desmatamento ilegal. Nós sabemos que mais da metade do desmatamento acontece em terras públicas e existe um grande relacionamento com a ilegalidade do desmatamento.

Portanto, o país hoje tem um certo desafio de atingir suas metas se não combater o desmatamento ilegal. Aí nós temos um desafio, pois, ao mesmo tempo que a gente gera riqueza e incentiva os produtores que se adequem ao código florestal (que preservam cerca de 30% das reservas nativas nas propriedades rurais), precisa garantir que o combate, comando e controle nas áreas públicas aconteça. Do contrário, a gente pode perder oportunidade de ser um dos maiores líderes para essa economia que está sendo desenhada para o futuro, e o Brasil certamente poderá ser uma liderança nesse processo.

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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