Congestionamento de navios no Porto de Xangai aumenta e preocupa o agro brasileiro

Setor está aflito com encarecimento do frete e potenciais atrasos na entrega de matérias primas; filas são causadas pela política de tolerância zero da China com a Covid-19

  • Por Kellen Severo
  • 20/04/2022 09h00 - Atualizado em 20/04/2022 09h10
Aly Song/Reuters - 13/01/2022 Trabalhadores em um guindaste sobre contêineres no porto de Xangai, em um dia com bastante neblina O Porto de Xangai, um dos maiores do mundo, acumula hoje filas com cerca de 300 navios

A política de tolerância zero para Covid-19 na China tem gerado consequências na logística da cadeia de suprimentos do mundo todo. Um dos maiores portos do mundo, em Xangai, acumula hoje filas com cerca de 300 navios esperando para carregar ou descarregar, o dobro do que era visto na mesma época do ano passado. Esse congestionamento tem consequências para diversos setores, incluindo o agronegócio brasileiro. Um dos efeitos do aumento do número de navios esperando para atracar no porto da cidade chinesa é o potencial encarecimento do frete, já que a oferta de navios fica menor enquanto centenas deles aguardam para fazer o trabalho naquela região.

Outro resultado é o atraso na entrega de componentes eletrônicos para máquinas agrícolas e matérias primas usadas na indústria de químicos, com riscos para um novo choque na oferta de suprimentos, informou a consultoria Markestrat. O setor monitora a situação na região, mas, segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), até o momento não foi registrada uma piora no quadro de oferta. O setor ainda se recupera da escassez de suprimentos iniciada no primeiro choque causado pela pandemia.

O governo brasileiro acompanha a situação na China e potenciais efeitos para o agronegócio. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também está monitorando. O superintendente de logística da Conab, Thomé Guth, afirma que os congestionamentos também estão ocorrendo em outros portos chineses, pois muitos operadores desviam as cargas para diferentes regiões. O impacto disso são as filas para embarques e desembarques para diversos produtos, como óleo, milho e fertilizantes.

A agência de notícias Reuters relata que as fábricas de Xangai se preparam para voltar a funcionar, mas ainda não se sabe como, na prática, isso vai acontecer, já que no cenário há problemas de transporte terrestre e marítimo. Enquanto isso, o vice-primeiro-ministro chinês Liu He disse que as cadeias de suprimentos deverão ser estabilizadas após o governo liberar o retorno das fábricas. Até a normalização dessa situação, rupturas na logística global vão pressionar os já historicamente altos custos de produção no mundo todo. No Brasil do agronegócio não será diferente.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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