Com provável aumento da Selic, agro terá juros mais altos em 2022

Já preocupados com ambiente político e riscos climáticos, produtores sentirão os impactos financeiros para custeios e investimentos nas lavouras na nova temporada

  • Por Kellen Severo
  • 06/12/2021 09h00
Dirceu Portugal/Fotoarena/Estadão Conteúdo - 13/10/2021 Sob o céu azul, trator anda em uma grande propriedade rural É esperado para 2022/23 um encolhimento das margens de lucro no agro

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deve reajustar a taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic, que hoje está em 7,75%, pode ultrapassar 8,75%. Com aumento da inflação, energia e piora do quadro fiscal brasileiro, a visão de bancos e corretoras é de que 2022 terá juros de dois dígitos. A pesquisa Focus do Banco Central, apontou expectativas do mercado em 9,25% para Selic no fim deste ano e 11,75% para o fim de 2022. A XP Investimentos elevou a projeção de 8,25% para 9,25% ao fim de 2021. Para o fim do ano que vem, espera taxa de 11%. Já o Itaú BBA prevê a Selic ainda mais alta, em 11,75% para março do ano que vem.

Com a elevação dos juros na economia brasileira, o agronegócio naturalmente sentirá os impactos financeiros para custeios e investimentos nas lavouras na nova temporada. Os recursos do Plano Safra, que contam com taxas menores, não são suficientes para atender toda demanda do setor e, por isso, agricultores recorrem ao mercado. Já é esperado para 2022/23 um encolhimento das margens de lucro no agro em função da alta dos insumos, dos problemas de abastecimento nas cadeias globais e dos fretes internacionais. Tudo isso já pesa no bolso do agricultor, que acompanha a pior relação de troca entre insumos e grãos dos últimos 12 anos, de acordo com a Cogo Inteligência em Agronegócio. O aumento do custo financeiro será mais um fator de risco para gerir a produção agropecuária em um um ciclo que promete ser bastante impactado pelo ambiente político eleitoral, pelos riscos climáticos associados ao fenômeno La Niña e questões geopolíticas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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