PIB Agropecuário: com produção afetada pelo clima, recuo no terceiro trimestre chega a 9%

Tempo seco, frio intenso e geadas geraram perdas em importantes lavouras, como o milho segunda safra, o café e a cana-de-açúcar

  • Por Kellen Severo
  • 03/12/2021 09h00 - Atualizado em 03/12/2021 09h15
Igor do Vale/Estadão Conteúdo - 05/10/2021 Florada dos pés de café em fazenda produtora da região da Alta Mogiana, em Franca, interior de São Paulo Florada dos pés de café em fazenda no interior de São Paulo após longo período de estiagem e geadas que prejudicaram a produção em 2021

Os problemas climáticos afetaram a produção e o desempenho da agropecuária no terceiro trimestre deste ano. O tempo seco, o frio intenso e as geadas geraram perdas em importantes lavouras, como o milho segunda safra, o café e a cana-de-açúcar. Como reflexo, o Produto Interno Bruto do setor agropecuário caiu 8% entre julho e setembro na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Em relação a igual período do ano passado, a queda foi mais intensa, de 9%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Na avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a perspectiva é que os últimos meses de 2021 ainda sejam magros em função de safras menores em setores como o de frutas, explicou a pesquisadora Nicole Rennó.

“A cana e a laranja, ambas com safras menos volumosas neste ano, continuam afetando o PIB até o final do ano. Para várias hortícolas e frutas também não se espera um aumento muito relevante de oferta, seja porque ainda há um efeito presente das geadas ou pela redução dos investimentos em alguns casos. A falta de boi no campo também não deve ser resolvida neste momento, deve permanecer até o fim do ano, e essa atividade também é muito representativa para o PIB. Deverá ajudar a pressionar esse resultado para baixo e para outras atividades pecuárias também, como aves, suínos e leite. A forte alta dos custos de produção, que nós estamos verificando, pode impactar diretamente a oferta no quarto trimestre, segurando o PIB também”, disse Nicole.

Ainda que existam perdas, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) espera crescimento próximo a 2% para a agropecuária. Mesmo com o impacto das quebras na produção dentro da porteira, o setor tende a aumentar a participação no PIB total do país, saindo de 6,8% para 7,5%, segundo previsão da CNA. Já a participação do agronegócio, que envolve as cadeias de produção dentro e fora da porteira junto à captação de preços, poderá avançar para 30% de participação no PIB ante 26% no último ano. Em 2022, deverá vir do agro colaboração importante para retomada econômica, com expectativa de safra recorde e o dólar ainda valendo mais de R$ 5, o que tende a favorecer a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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