Conab ainda não tem plano para compra de milho
Meta da Companhia agora é preparar os armazéns para voltar a fazer estoques públicos; agricultores aguardam intervenção do governo para compra de grão de acordo com o que determina a Política de Garantia de Preço Mínimo
Nesta semana, pelo menos em duas ocasiões diferentes, membros do governo falaram publicamente sobre estoques reguladores. O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) disse estar se preparando para retomar a formação dos estoques. Já Lula defendeu o tema na live de segunda-feira e em entrevista a uma rádio de Goiás, nesta quinta-feira. Na Conab, a orientação é preparar a estrutura para a formação dos estoques. “Há 64 unidades armazenadoras espalhadas pelo Brasil, em operação, com capacidade de cerca de 1,6 milhão de toneladas de grãos. Precisamos de mais. Estamos fazendo estudos de capacidade e a decisão é que vamos preparar as estruturas para voltar a fazer estoques públicos. Vamos atualizar os valores do aluguel para armazéns terceirizados e fazer uma grande mobilização para credenciamento de armazéns”, me disse Edegar Pretto, presidente da Conab.
Ainda não há planos na Conab com cultura, data e volume de compra por parte do governo para produtos agrícolas que deverão formar os estoques públicos. Hoje os preços do milho, por exemplo, estão abaixo do mínimo em alguns estados brasileiros e alguns agricultores gostariam de contar com as compras governamentais, mas ao que tudo indica elas não devem vir tão cedo. “O que vamos comprar e em que momento é uma decisão do governo, mas para isso precisamos retomar as estruturas”, reiterou Pretto. O preço mínimo do milho em Mato Grosso está fixado em R$ 43,26 e no mercado disponível em Sorriso, a saca está valendo R$ 34,96, abaixo do mínimo, segundo indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Ou seja, ao ser colocada em prática a Política de Garantia de Preço Mínimo esperada por alguns agricultores o preço de venda da saca do milho ficaria em torno de R$ 10 acima do que é pago pelo mercado. A PGPM é um mecanismo de política agrícola e o objetivo é garantir um piso de preços que gere uma remuneração mínima para que o produtor rural permaneça na atividade quando o valor de mercado da commodity é inferior ao custo de produção. No Brasil, os primeiros preços mínimos foram fixados a partir de 1945 para as culturas como o arroz, feijão, milho, amendoim e soja. A formação de estoques públicos pode vir da política de PGPM, compras diretas de cooperativas e ou produtores pela Conab e importações, por exemplo. Para 2023, diante dos desafios de orçamento e infraestrutura, não me parece uma boa ideia esperar que o governo comece logo a comprar produtos agrícolas, como o milho, para formação de estoques como solução para os desafios de renda no campo. Parece que ainda vai levar um tempo.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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