Congestionamento no maior porto da China aumenta e pode impactar agronegócio

Tolerância zero do governo chinês em relação à Covid eleva risco nas cadeias de suprimento

  • Por Kellen Severo
  • 14/01/2022 09h00 - Atualizado em 20/01/2022 12h54
Pixabay Navios, sendo um deles de grande porte, nas imediações do Porto de Xangai Devido à política de tolerância zero para a Covid-19 na China, navios estão mudando a rota e indo direto para Xangai

Navios que querem evitar atrasos por conta da política de tolerância zero para a Covid-19 na China estão mudando a rota e indo direto para Xangai, o que faz crescer o congestionamento no maior porto de contêineres do mundo, de acordo com informações da Bloomberg. O país asiático tenta conter a disseminação do coronavírus com aumento de restrições à circulação de pessoas e testagem em massa. A expectativa é que adote mais lockdowns nas próximas semanas para que o feriado do Ano Novo chinês, que acontece no fim de janeiro, não amplie as contaminações e possa impactar nas Olimpíadas de Inverno, previstas para fevereiro.

Segundo o relatório Top Risks 2022, da Eurasia Group, a política de tolerância zero vai exigir bloqueios mais severos, que levarão a perturbações econômicas. A consultoria afirma que a escassez de funcionários, matérias-primas e equipamentos devem tornar as mercadorias menos disponíveis. Em termos práticos, a medida gera congestionamentos e atrasos que diminuem a oferta de navios e podem contribuir para manter os preços dos fretes em alta. O agronegócio acaba sendo impactado pela elevação do risco nas cadeias de suprimentos. Culturas como café, algodão e carnes são as mais exportadas por contêineres, de acordo com levantamento do Grupo EsalqLog.

Para 2022, as diferentes fontes que consultei não descartaram novos episódios com congestionamentos em portos nem os riscos de atrasos na chegada de mercadorias e entrega de produtos. Segundo Rafael Dantas, diretor comercial na Asia Shipping, novas rupturas logísticas devem acontecer. “Sempre na véspera do Ano Novo chinês existe um fluxo intenso porque todo mundo precisa enviar as cargas ou receber na China. Apesar disso, não estamos vendo um início complicado na China em 2022. As rupturas devem acontecer após o Ano Novo chinês, que é quando as pessoas se reúnem, e pode haver disseminação do vírus. O feriado chinês deve ser um marco. A logística só vai se normalizar depois que a situação da Covid se normalizar. Se a Covid continuar, continuaremos com problemas.”

Talvez no segundo semestre haja o início de uma melhora no quadro, mas é só para 2023 que há expectativa de normalização da logística. “Seguramente faz sentido que a normalização ocorra a partir de 2023. Alguns eventos podem se antecipar. Se os navios terminais e portos não tiverem grandes paralisações, é provável que no segundo semestre já comece uma queda nos preços dos fretes”, destaca Thiago Guilherme Péra, coordenador técnico do Grupo EsalqLog. Até lá, mantemos a possibilidade de surpresas no caminho.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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