Cortes de energia na China tensionam mercado agro

Limitação do funcionamento em empresas encontra um mercado aquecido no início do período pós-pandemia e gera riscos de ruptura na cadeia de vários setores ao redor do mundo

  • Por Kellen Severo
  • 29/09/2021 10h00
Marcello Casal Jr/Agência Brasil Privatização da Eletrobras animaram o mercado financeiro nesta quarta-feira Racionamento de energia paralisa fábricas e agronegócio teme alta de custos

O racionamento de energia adotado na China tem feito diferentes fábricas interromperem as atividades por lá. A limitação do funcionamento em empresas encontra um mercado aquecido neste início do período pós-pandemia e gera riscos de ruptura na cadeia de vários setores ao redor do mundo. Quão séria é a crise de energia por lá? Quais efeitos podemos esperar no mercado global? Ainda é cedo para dizer, por isso é prudente acompanhar com atenção os sinais que existem no momento. Vemos demanda aquecida, cadeia logística desorganizada, especulações e pouca segurança para tomadas de decisão. Ameaças à disponibilidade de produto e alto custo podem pesar para o agronegócio. O “The Wall Street Journal” afirmou que os cortes no fornecimento de eletricidade ameaçam comprometer a oferta global de semicondutores e outros bens. Já a agência “Bloomberg” informou que as esmagadoras de soja Louis Dreyfus e Bunge receberam ordem do governo chinês para paralisar as atividades por pelo menos uma semana.

E afinal, por que a China está racionando energia elétrica? Segundo Smyllei Curcio, diretor de Petróleo, Gás e Renováveis da StoneX, consultoria de mercado, três fatores explicam a situação atual. “O primeiro é a redução da emissão de carbono que é um comprometimento da China, que ela tem tentando fazer, apesar de ser muito difícil. O segundo seria um conflito político com a Austrália que é o maior exportador de carvão. Carvão é a principal matriz energética da China, que é altamente dependente da queima de carvão para energia elétrica. E o terceiro ponto e não menos importante é o mundo pós-Covid. A demanda por matérias primas no pós-Covid tem trazido um aquecimento da economia que gera necessidade de insumo, e a energia elétrica é o principal insumo para rodar a locomotiva. Pegando os três pontos, a gente acha que provavelmente a China, como é grande e tem recursos, vai conseguir resolver, mas de repente a resolução não seja tão imediata”, afirma.

O carvão usado para produção de eletricidade ficou mais caro após a China proibir importações do produto vindo da Austrália. Isso aconteceu depois de os australianos terem pedido que uma investigação global e independente fosse conduzida para identificar a origem da Covid-19 e as relações entre os países estremecerem. Com todas essas tensões, o setor agropecuário se mantém em alerta monitorando assiduamente os acontecimentos para projetar os cenários de mercado. Os custos de produção já em patamares recordes podem ficar ainda mais elevados a depender de quão séria se revelará a crise de energia na China.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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