Risco de crise na China alerta agronegócio

Racionamento de energia e dívidas no setor imobiliário aumentam incertezas acerca do principal parceiro comercial do Brasil; país é destino de 34,9% das exportações do agronegócio brasileiro

  • Por Kellen Severo
  • 27/09/2021 11h11
Pixabay mão segurando porção de soja Restrições ao consumo de energia na China podem prejudicar oferta de produtos como farelo de soja ao Brasil

O mercado do agronegócio está acompanhando os desdobramentos do caso da Evergrande, gigante do mercado imobiliário chinês. A empresa deixou de honrar compromissos e bancos credores avaliaram que há possibilidade de calote da companhia, que é uma das maiores do país. Há preocupação sobre eventuais impactos que o não pagamento da dívida pode gerar, como um risco sistêmico com potencial para desacelerar a economia da China e afetar o mercado mundial. Aqui um dos pontos importantes de contágio para observarmos é a via financeira, à medida que as incertezas podem gerar aumento da aversão ao risco e impactar na taxa de câmbio.

As repercussões do caso Evergrande continuarão a ser monitoradas, assim como um outro fato que chamou atenção do agro na última semana. É que a agência de notícias Reuters informou que a esmagadora de soja da trading Louis Dreyfus na China suspendeu as operações por restrições ao consumo de energia no país asiático. Autoridades da China teriam aumentado o rigor nas fiscalizações das emissões nas últimas semanas, o que gerou rigoroso controle no consumo de energia e impactou o funcionamento de empresas como essa da cadeia agro. A situação entrou no radar do mercado, que especula riscos de eventuais rupturas na oferta de produtos, como farelo de soja, por exemplo. Aqui o ponto de atenção envolve o fluxo logístico desse e de outros insumos.

As duas situações citadas são distintas, mas se conectam por um elemento principal: acontecem na China, país que representa 34,9% das vendas do agro ao exterior.  O setor é dependente da importação de vários produtos essenciais usados nas lavouras, da China vieram 38% dos defensivos em 2019. O que ocorre neste momento é que há fontes de possíveis instabilidades, com potencial de repercussão financeira e logística. O ambiente chinês conta com menos transparência, o que torna as avaliações mais difíceis. O tamanho do impacto das duas situações sobre o crescimento econômico chinês, preços de commodities e logística de produtos só ficará claro com o passar dos dias. Até lá, o agro manterá a China no radar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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