Desaceleração chinesa chama a atenção do agro; entenda por quê
Banco Mundial cortou projeção do PIB da China para apenas 2,8% em 2022, um dos mais baixos crescimentos em décadas; veja impactos esperados para o agronegócio brasileiro neste momento
A China, principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, deve registrar crescimento inferior ao do resto do leste da Ásia e do Pacífico em 2022, fato que não acontecia há 30 anos. O Banco Mundial cortou a previsão do PIB chinês para 2,8% neste ano, percentual que está abaixo da meta do governo de Xi Jinping, fixada em 5% ao ano. A desaceleração econômica chinesa chama a atenção do agro porque uma economia menos vigorosa gera dúvidas sobre o apetite para compras de grãos e carnes do Brasil, alguns dos nossos principais itens da pauta exportadora. O impacto desse menor crescimento no agro vai depender bastante do andamento da política de tolerância zero para Covid-19, já que esse foi um dos principais responsáveis por debilitar o crescimento do país, à medida que lockdowns e outras medidas restritivas afetaram diferentes setores por lá. A consultora Larissa Wachholz, sócia da Vallya Agro, aponta que o tempo de duração das ações envolvendo a Covid-19 importa, mas no momento, efeitos negativos para o agro do Brasil estão descartados, por alguns motivos:
- 1) Os produtos brasileiros são essenciais e não são de luxo. Eles sustentam o consumo mais básico de proteína animal como suína e de frango.
- 2) A pandemia elevou a preocupação das pessoas com a saúde. Nossos produtos agrícolas de maior valor agregado entram nesta categoria na percepção do consumidor chinês, como carne bovina e suco de laranja, por exemplo.
- 3)A guerra na Ucrânia e outros conflitos comerciais reforçam a impressão dos chineses de que é preciso manter relações com fornecedores de confiança, que tenham condições de manter suas entregas e o Brasil se encaixa nessa categoria.
Por esses e outros motivos a desaceleração chinesa chama atenção do agro e continuará a ser monitorada pelo setor. Fontes da embaixada da China aqui no Brasil me disseram recentemente que Xi Jinping deverá dar continuidade à política de Covid zero. Isso pode incluir mais testes em massa e restrições de mobilidade para conter surtos da doença. Os lockdowns adotados na China já interromperam as cadeias de suprimentos, a produção industrial, de serviços até as vendas domésticas e as exportações e por isso a economia de Xi Jinping sente efeitos que poderão se estender ainda mais. Por enquanto, o agro do Brasil não deverá ser impactado. Seguiremos observando.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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