Desaceleração chinesa chama a atenção do agro; entenda por quê

Banco Mundial cortou projeção do PIB da China para apenas 2,8% em 2022, um dos mais baixos crescimentos em décadas; veja impactos esperados para o agronegócio brasileiro neste momento

  • Por Kellen Severo
  • 28/09/2022 09h00 - Atualizado em 28/09/2022 18h00
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Imagem de DJI-Agras por Pixabay Imagem aérea mostra um drone sobrevoando um extenso campo agrícola, por onde passa um trator Principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, China deve registrar crescimento inferior ao do resto do leste da Ásia e do Pacífico em 2022

A China, principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, deve registrar crescimento inferior ao do resto do leste da Ásia e do Pacífico em 2022, fato que não acontecia há 30 anos. O Banco Mundial cortou a previsão do PIB chinês para 2,8% neste ano, percentual que está abaixo da meta do governo de Xi Jinping, fixada em 5% ao ano. A desaceleração econômica chinesa chama a atenção do agro porque uma economia menos vigorosa gera dúvidas sobre o apetite para compras de grãos e carnes do Brasil, alguns dos nossos principais itens da pauta exportadora. O impacto desse menor crescimento no agro vai depender bastante do andamento da política de tolerância zero para Covid-19, já que esse foi um dos principais responsáveis por debilitar o crescimento do país, à medida que lockdowns e outras medidas restritivas afetaram diferentes setores por lá. A consultora Larissa Wachholz, sócia da Vallya Agro, aponta que o tempo de duração das ações envolvendo a Covid-19 importa, mas no momento, efeitos negativos para o agro do Brasil estão descartados, por alguns motivos:

  • 1) Os produtos brasileiros são essenciais e não são de luxo. Eles sustentam o consumo mais básico de proteína animal como suína e de frango.
  • 2) A pandemia elevou a preocupação das pessoas com a saúde. Nossos produtos agrícolas de maior valor agregado entram nesta categoria na percepção do consumidor chinês, como carne bovina e  suco de laranja, por exemplo.
  • 3)A guerra na Ucrânia e outros conflitos comerciais reforçam a impressão dos chineses de que é preciso manter relações com fornecedores de confiança, que tenham condições de manter suas entregas e o Brasil se encaixa nessa categoria.

Por esses e outros motivos a desaceleração chinesa chama atenção do agro e continuará a ser monitorada pelo setor. Fontes da embaixada da China aqui no Brasil me disseram recentemente que Xi Jinping deverá dar continuidade à política de Covid zero. Isso pode incluir mais testes em massa e restrições de mobilidade para conter surtos da doença. Os lockdowns adotados na China já interromperam as cadeias de suprimentos, a produção industrial, de serviços até as vendas domésticas e as exportações e por isso a economia de Xi Jinping sente efeitos que poderão se estender ainda mais. Por enquanto, o agro do Brasil não deverá ser impactado. Seguiremos observando.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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