El Niño chega ao limite de atuação em 2024

Efeitos dos fenômeno, no entanto, serão sentidos até o inverno

  • Por Kellen Severo
  • 15/05/2024 10h01
BRUNO KIRILOS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Agentes públicos e voluntários fazem mutirão de trabalho para realizar o resgate de pessoas e animais ilhados pelas enchentes, com utilização de botes, canoas e jet skis, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na quinta-feira, 09 de maio de 2024. Uma nova frente fria, que chega ao Rio Grande do Sul nesta sexta-feira, 10, deve levar riscos para o estado já castigado pelos temporais da semana passada. Existe a previsão de que, a partir desta sexta, o sistema frontal fique estacionado sobre a região central do estado, criando condições para a piora do quadro atual das enchentes O El Niño é apontado como um dos responsáveis pelas enchentes que atingem o Sul do Brasil, já que aumenta o volume de chuvas nesta região

A previsão atualizada da NOAA – agência climática dos Estados Unidos – indica que o fenômeno El Niño chegou ao limite de atuação em 2024. O El Niño é apontado como um dos responsáveis pelas enchentes que atingem o Sul do Brasil, já que tradicionalmente ele aumenta o volume de chuvas nesta região e diminui no Norte do país. Além da devastação gerada pelo excesso de chuva no Sul, o El Niño também gerou efeitos na segunda safra de milho, com escassez de chuva em áreas do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, o que prejudicou a safra que está em desenvolvimento no Brasil.

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“O El Niño já está próximo de seu fim, mas a segunda safra de milho vai sentir seus efeitos. A chuva cortou no fim de abril na maior parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste e sem perspectiva de retorno nas próximas semanas. Além disso, a temperatura do ar está bem acima da média, passando de 5°C especialmente em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Isso diminui rapidamente a umidade do solo e compromete as áreas instaladas de forma mais tardia”, explica o meteorologista do Grupo Safira, Celso Oliveira.

Estimativas atualizadas pela consultoria Pátria Agronegócios apontam para uma produção de milho 2ª safra em 86 milhões de toneladas, redução de 15,9% em relação a 2023. A piora nas produtividades de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná contribuiu para a revisão da produção para baixo.

A Companhia Nacional de Abastecimento aponta na mesma direção com 86,5 milhões de toneladas, redução de 15,8%, com menor área plantada nesta temporada e também refletindo os impactos do clima.

Nas próximas semanas o El Niño cederá espaço para um período de neutralidade climática, mas a NOAA revela que seus efeitos ainda poderão ser sentidos até o inverno. Depois, virá um novo La Niña. Há uma probabilidade de 69% de que o La Niña se desenvolva entre Julho e Setembro aqui no hemisfério Sul.

O La Niña tradicionalmente aumenta o volume de chuvas em áreas do Norte do Brasil e diminuiu no Sul, ou seja, inverno e primavera deverão ser menos chuvosos no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O agronegócio monitora com atenção a intensidade do próximo fenômeno que está a caminho, já que o El Niño forte favoreceu eventos intensos de chuva e seca em diferentes regiões do país e deixou um histórico de perdas nas lavouras. A safra de grãos brasileira será aproximadamente 25 milhões de toneladas inferior do que na última temporada.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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