Fazenda investe em luz artificial em confinamento

Com iluminação, bovinos tendem a comer mais e encurtar o ciclo de produção  

  • Por Kellen Severo
  • 18/07/2022 08h36 - Atualizado em 18/07/2022 12h10
Kellen Severo/Arquivo Pessoal Bois confinados em fazenda com luz artificial Com o período de exposição à luz mais longo, espera-se que os bois se mantenham ativos e acabem comendo mais

Na última semana estive em Campo Verde, em Mato Grosso, onde visitei um confinamento que está investindo em iluminação artificial para bovinos. O projeto-piloto começou agora em julho. Depois de cem dias, poderão ser observados os primeiros resultados. A tese é simples: com o período de exposição à luz mais longo, espera-se que os animais se mantenham mais ativos e acabem comendo mais.  Se isso se confirmar, a expectativa é encurtar o ciclo de engorda em 5 a 10 dias.

A prática de manter a luz artificial já é usada na avicultura há tempos. Na pecuária, a Fazenda Marabá, da Marfrig, iniciou o trabalho inédito e está fazendo os primeiros experimentos com bovinos. O confinamento, que possui capacidade para atender 14 mil bois, está experimentando a suplementação com luz artificial em 220 animais. “A cada dia de redução de animal confinado tem uma economia de R$ 2,5/dia não confinado. Queremos buscar uma redução de dias confinados através de um consumo maior por dia, com mais horas de luz”, explica o CEO da Agrojacarezinho, pertencente à Marfrig, Arnaldo Eijsink.

E como fica o bem-estar dos bichos? 

A quantidade de horas de luz adicional deve seguir controles e padrões que garantam qualidade de vida aos bovinos. Eles precisam de, pelo menos, oito horas no escuro para manutenção da saúde. A luz artificial será acionada um pouco antes do início do dia e no fim da tarde, aumentando o período de exposição à iluminação. Alguns estudos feitos nos Estados Unidos e na Argentina mostraram benefícios da suplementação de luz no desempenho animal com aumento no consumo de ração. A pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso, Fernanda Macitelli Benez, me contou que a expectativa é que a luminosidade contribua para adicionar de 50 a 80 gramas de peso por animal ao dia.

“Nos Estados Unidos e Argentina, eram locais com fotoperíodo diferentes do Brasil. Não se sabe se o benefício aqui vai ser o mesmo”, aponta Benez. Experimentos como esse buscam melhorar a atividade pecuária sem colocar em risco o bem-estar dos animais. Para agosto, são esperados novos estudos de iluminação artificial em confinamentos, incluindo câmeras para monitorar o comportamento dos animais em uma fazenda em Sinop, também em Mato Grosso. Tudo isso é inovação no agronegócio brasileiro.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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