Geada afeta produção, e preço do alimento impacta bolso do consumidor

Frio intenso agrava um cenário que já era desafiador e gera novas pressões que devem afetar as prateleiras; rentabilidade no campo sofre efeitos da perda de produção e aumento dos custos

  • Por Kellen Severo
  • 02/08/2021 11h58 - Atualizado em 02/08/2021 12h19
Fernando Calzzani/Photopress/Estadão Conteúdo - 31/07/2021 Plantação de café danificada pelas geadas Com a forte queda de temperatura que atingiu a macro região de Ribeirão Preto, cafeicultores tiveram grandes perdas de suas plantações

Os primeiros dias de agosto não deverão ser marcados pela ocorrência de novas geadas em áreas agrícolas do Brasil, de acordo com informações da meteorologia. Os estragos deixados pelas últimas ondas de frio ainda estão sendo apurados. Em levantamento feito pela Conab foi observado que pelo menos 20% da área total de café arábica teve algum dano. A cultura foi uma das mais impactadas com a geada, e a safra 2022/2023 deverá ter um comprometimento importante no potencial de produção. O mercado, sabendo do risco de escassez, elevou preço. No acumulado de julho, a valorização chegou a 20% para o tipo bebida dura para melhor base Cepea. O trigo também terá quebra de produção na safra em desenvolvimento. O Paraná, maior estado produtor, foi atingido pelas geadas e há perspectivas de que o frio tenha agravado prejuízos e impactado na qualidade do cereal. O milho voltou a registrar cotação acima de R$ 100 por saca, o que representa um dos preços mais altos da história. A segunda safra em desenvolvimento no país havia sido atingida pela seca e agora foi alvo de geadas. Os fenômenos climáticos, juntos, somaram perda de milhões de toneladas no potencial de produção.

O resultado das ondas de frio na produção dos mais variados alimentos como hortifruti, citrus, cana-de-açúcar, leite e carnes ainda estão em avaliação. O que fica evidente é o efeito na alta do preço dos alimentos e o potencial impacto na inflação. Consultorias e bancos estão revisando as projeções. Nesta semana, o Itaú elevou de 6,1% para 6,9% a previsão para o IPCA. O Bradesco aumentou de 6,4% para 7,1%. A XP apontou que as geadas e a reabertura da economia podem fazer o índice de inflação superar 7% em 2021. O frio intenso agravou um cenário que já era desafiador, e o preço dos alimentos sofrerá novas pressões que impactarão o bolso do consumidor. No campo, a rentabilidade sofre efeitos da perda de produção e aumento dos custos. Com revisões na estimativa de inflação, há também expectativa para decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de agosto e projeções de alta mais firme que tendem a conduzir juros para 5,25%.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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