Governo decide manter mistura de biodiesel ao diesel em 10% nos meses de julho e agosto

Indústrias do agronegócio afirmam que poder executivo faz intervenções no mercado, e defendem que estratégia seja revista imediatamente

  • Por Kellen Severo
  • 14/05/2021 10h12
PAULO LIEBERT/ESTADÃO CONTEÚDO Pessoa com uma bomba de diesel apontando para a câmera Até abril, o volume obrigatório era 13% de biodiesel para cada litro de diesel

O Conselho Nacional de Política Energética do Ministério de Minas e Energia anunciou que a mistura do biodiesel ao diesel será mantida em 10% nos meses de julho e agosto deste ano. Até abril, o volume obrigatório era 13% de biodiesel para cada litro de diesel. Em nota, na época, o governo afirmou que a mudança na regra tinha o objetivo de evitar a alta excessiva no preço do óleo diesel, já que a valorização da soja no mercado global estava encarecendo o biodiesel. Agora, um mês depois, o ministério confirmou que o leilão nº80, com entregas para julho e agosto, também terá o percentual reduzido com 10% de mistura do biodiesel ao diesel. A medida desagradou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Em nota, o órgão afirmou que a decisão do governo representa mais uma intervenção no mercado e transfere todo o ônus de preço dos combustíveis para o setor de biodiesel.

“A decisão de manter a mistura do biodiesel ao diesel em 10% foi uma clara escolha do governo brasileiro, que optou por privilegiar o diesel, combustível fóssil importado, no lugar do biodiesel, produzido nacionalmente. O governo precisa rever essa estratégia imediatamente, porque privilegiar o diesel de outros países em detrimento do biodiesel é um acinte para a indústria nacional”, afirmou o presidente da Abiove, André Nassar. A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) disse que a cadeia de produção do produto está sendo penalizada por uma condição macroeconômica que impacta os preços dos combustíveis e que, agora, o mercado foi colocado em um cenário de incerteza, o que prejudica mais de 1,5 milhão de trabalhadores. O Ministério de Minas e Energia informou que levou em consideração a proteção dos interesses do consumidor. Volto a dizer que é compreensível o governo querer poupar o brasileiro de pagar mais caro pelo combustível. No entanto, a recorrente alteração de regras já adotadas previamente gera insegurança e prejudica o ambiente de negócios. Além disso, se energia limpa é mesmo uma prioridade, ela precisa ser tratada como tal.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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