Peste suína africana é detectada nas Américas, e Brasil intensifica controle

Doença foi erradicada há décadas no país, mas a proximidade do vírus assusta pelo potencial dano econômico e sanitário; Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de suínos do mundo

  • Por Kellen Severo
  • 06/08/2021 10h00 - Atualizado em 06/08/2021 17h58
Banco de imagens/Estadão Conteúdo Porco apoiado em barra de ferro e outros atrás em criação de suínos Brasil permanece livre da peste suína africana e, também por isso, as exportações do país têm ganhado ritmo

O agronegócio brasileiro está em alerta depois que um caso da peste suína africana foi detectado na República Dominicana, país da América Central. É a primeira vez que a doença ocorre nas Américas em cerca de 40 anos. A PSA é letal para os suínos, mas não afeta humanos. Os prejuízos que causa, porém, são bilionários. O problema já se espalhou pelo mundo e preocupa demais, pois não existe vacina. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de suínos do mundo. Há décadas que a doença foi erradicada no país, mas a proximidade do vírus depois do caso nas Américas assusta pelo potencial dano econômico e sanitário.

Roupas, calçados e produtos cárneos trazidos pelos viajantes são os principais meios de disseminação da doença. Todos os dias são feitas apreensões em aeroportos brasileiros com vários itens que colocam em risco a produção agropecuária do país pela possibilidade de entrada de pragas e doenças. Nas redes sociais da Vigilância Agropecuária Internacional, só nos últimos dias, foram postados vídeos com apreensões de carnes e pele bovinas, como em uma bagagem vinda de Gana. Outra vinda da Bolívia tinha carne seca, verduras, frutas e sementes. Da Etiópia, foi apreendida carga com peixe seco e camarão. A lista é imensa e os riscos também. Por isso, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançou uma campanha em que pede aos brasileiros que forem ao exterior que evitem visitas em granjas, e que não tragam alimentos na bagagem que coloquem em risco a produção. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, destacou os prejuízos bilionários que a doença tem causado ao redor do mundo.

“Essa evolução da PSA, que começou na China, foi para toda Ásia, e está causando prejuízos até hoje. A China ainda não recuperou seu rebanho e outros países estão lutando para se recuperar dessa doença que é altamente contagiosa para os suínos. Agora, essa doença está chegando na América Central, com um caso reportado na República Dominicana. Isso faz com que nós brasileiros tenhamos que reforçar, duplicar, triplicar os cuidados com a nossa produção. Lembrando que não tem problema nenhum com essa doença, que ela não afeta os humanos, mas se ela pegar um rebanho, pode dizimar o rebanho e o prejuízo é econômico. São perdas de comida, perdas econômicas, perda dos animais, inflação de alimentos e, acima de tudo, perdas de postos de trabalho e renda para o produtor e trabalhador da indústria”, afirma.

O Brasil permanece livre da peste suína africana e, também por isso, as exportações do país têm ganhado ritmo. Parte da nossa produção abastece locais em que a doença está com difícil controle, como a China. A informação e os cuidados são fundamentais para que o Brasil continue sem a doença e desfrute de oportunidades que favorecem o crescimento econômico e a geração de empregos por aqui. Só a cadeia de aves e suínos emprega quatro milhões de pessoas, de acordo com dados da Embrapa Aves e Suínos. O Ministério da Agricultura adotou um Plano Integrado para reforçar cuidados e emitiu alertas para atuação dos setores de controle de importações e dos serviços oficiais de saúde animal. A campanha #BrasilLivredePSA está circulando nas redes. A prevenção é importante para o bem-estar animal e para a economia do país.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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