Preço da ureia avança 15% em uma semana

Mercado global está precificando a crise energética na Europa e alta da demanda; no Brasil, os custos de produção agrícola estão nas máximas históricas e seguem afugentando agricultores da tomada de decisão de compras

  • Por Kellen Severo
  • 02/09/2022 09h00 - Atualizado em 02/09/2022 14h37
Empraba/Divulgação Duas mãos espalmadas mostrando ureia Ureia é um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado em lavouras do Brasil

A ureia é um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado em lavouras do Brasil. Os fertilizantes nitrogenados têm cerca de 85% do custo de fabricação formado pelo gás natural e a recente crise energética na Europa está refletindo em preços mais altos para o adubo. A Agrinvest Commodities apontou que em uma semana a ureia (CFR Brasil – Custo e Frete) registrou alta de 15%. Na sexta-feira passada os preços da ureia estavam na faixa de US$ 630/tonelada CFR Brasil e nesta semana as cotações estão terminando na faixa de US$ 730-740/tonelada. Nos portos brasileiros as cotações subiram mais de US $100 por tonelada em 15 dias. “O mundo inteiro está precificando a situação energética europeia. Mesmo com a queda nas cotações do gás natural nos últimos dias a margem da indústria produtora na Europa continua negativa, desencorajando a produção no bloco”, aponta o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza. E por que isso é importante para o Brasil? Importa porque a Europa se torna um novo participante do mercado global com potencial de incremento de demanda e, por consequência, impacto na formação de preços globais e isso pode se reverter em altas adicionais de custo ao produtor brasileiro.

A alta de custo está fazendo os agricultores adiarem decisões de compra. Em pesquisa da consultoria StoneX divulgada nesta semana foi relatado que até o momento 32% do adubo com entrega para o primeiro semestre de 2023 foi fechado, contra 39% há um ano. As importações de ureia de janeiro a julho estão 9% abaixo da mesma época do ano passado. Segundo o analista de fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello, isso não quer dizer que vai  faltar ureia, mas o dado reitera que as compras dos produtores estão atrasadas. “O preço da ureia está subindo em zigue-zague, ele sobe e ele cai. É um canalzinho de alta, no segundo semestre sempre tem um canal de alta e está ocorrendo. Ele vai despencar, quando chegarmos em novembro a tendência vai ser inverter. Os Estados Unidos que tem que comprar para as aplicações de outono e vão sair do mercado, a Europa vai sair do mercado, o Brasil, que vai ter que comprar para a safrinha (e não está comprando bem) vai ter que comprar e vai estar saindo do mercado – todos os players vão sair do mercado e o preço vai derreter em novembro dezembro, é a nossa expectativa”.Os custos de produção agrícola estão nas máximas históricas e seguem afugentando agricultores da tomada de decisão de compras. Nos Estados Unidos, não é diferente do Brasil. Dados recentes apontaram para uma relação de troca bem alta entre adubo e milho. A Cogo Inteligência em Agronegócio afirma que com base nos dados da FarmDoc de Illinois já é possível afirmar que a safra norte-americana 23/24 terá o maior custo da história para soja e milho. Nos preparemos para a próxima temporada, que ao que tudo indica não dará trégua nos custos de produção.

Projeção de custo de produção recorde nos Estados Unidos

Projeção de custo de produção recorde nos Estados Unidos

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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