Projeções aumentam para a queda do dólar em 2021

Agronegócio foi favorecido pela alta da moeda norte-americana; setor monitora tendências

  • Por Kellen Severo
  • 25/06/2021 10h00 - Atualizado em 25/06/2021 10h13
ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Cédulas e moedas de dólar sobre uma bandeira dos Estados Unidos Nos últimos pregões, vimos a moeda abaixo de R$ 5, fato que não acontecia há pelo menos um ano

Nesta semana, a pesquisa Focus do Banco Central revisou para baixo a expectativa para o dólar no fim do ano. O levantamento que reúne as projeções do mercado financeiro aponta que a moeda norte-americana estará valendo R$ 5,10 ao terminar 2021. Há um mês, a estimativa apontava para R$ 5,30. Nos últimos pregões, vimos a moeda abaixo de R$ 5, fato que não acontecia há pelo menos um ano. De acordo com o Itaú, o cenário mudou para o câmbio. Em recente conversa com o economista do banco, Pedro Renault, ele destacou que a perspectiva de retomada econômica, associada ao alívio na pandemia, reduzem os riscos de curto prazo. A alta ao redor de 5% projetada para o PIB favorece uma redução da relação dívida/PIB. Com esses e outros fatores, a estimativa é de R$ 4,75 para o fim do ano, segundo o Itaú. 

Com a divulgação da ata do Copom, aumentaram as apostas de que há chance de aceleração do ritmo de alta de juros na reunião de agosto. O comitê poderá elevar em um ponto percentual a Selic já na próxima reunião. O Goldman Sachs elevou a avaliação de probabilidade disso acontecer, mas ainda assim manteve a projeção de alta de 0.75 pp.  Caso o cenário se confirme e os juros subam mais rapidamente, poderemos ver novos ingressos de investidores estrangeiros buscando esse rendimento maior, fator que pressionaria o dólar para baixo. Em 2022, riscos políticos ligados às eleições brasileiras e retirada de estímulos à economia nos Estados Unidos pelo governo de Joe Biden fazem o mercado prever dólar subindo novamente: R$ 5,20 é a cotação apontada pelo mercado para o fim de 2022.

O agro exportador foi favorecido pela alta do dólar desde o início da pandemia. Os produtos ficaram mais competitivos no mercado internacional, os embarques bateram recorde e seguem renovando máximas históricas. Já os custos na importação de insumos subiram e pesaram na conta do setor como um todo. Dada a falta de clareza sobre qual o rumo da moeda de agora em diante, o recomendável é tentar reduzir riscos operacionais que envolvam câmbio, especialmente em véspera de ano eleitoral.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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