Sem recursos para bancar juros baixos, governo atrasa socorro a agricultores
Ministério da Agricultura quer que a renegociação de dívidas garanta taxas nas condições do plano safra atual, que são bem menores do que aquelas em vigor na economia hoje
A safra brasileira de soja está enfrentando problemas em função, principalmente, da seca, que atinge áreas do centro-sul do Brasil. A produção recorde está descartada por diferentes consultorias. Nesta semana, pelo menos três empresas cortaram as estimativas de colheita. A AgResource diminuiu em 6 milhões de toneladas a estimativa de produção, 4,5% a menos do que o previsto em janeiro (131 milhões de toneladas). A empresa projeta safra de soja de 125 milhões de toneladas, distante do recorde. Já a AgRural Commodities cortou para 128,5 milhões de toneladas de soja, o que significa 16,5 milhões a menos do que o potencial previsto para a atual temporada e quase 9 milhões abaixo da produção colhida no ciclo passado (140 milhões). A Stonex reduziu o levantamento para 126,5 milhões, recuo de 12,9% frente ao estimado inicialmente para a temporada atual.
O governo vai atualizar dados sobre a safra brasileira de grãos na próxima semana, no dia 10 de fevereiro. O último dado oficial ainda indica a ocorrência de recorde para a soja, o que não deverá se confirmar, já que a seca segue prejudicando a produtividade em Estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. No centro-norte, há perdas de potencial em função do excesso de umidade Os milhares de agricultores que registram quebra de produção ainda aguardam o anúncio de medidas de socorro com crédito e renegociação de dívidas. Havia uma expectativa de divulgação na última semana, o que não ocorreu.
Fontes do governo me informaram que as tratativas com o Ministério da Economia continuam, já que a dificuldade fiscal é muito grande para conseguir os recursos. A meta da Agricultura é que a renegociação de dívidas garanta juros nas condições da contratação do plano safra atual, que são bem menores do que as taxas em vigor na economia hoje, o que significa necessidade de mais dinheiro para bancar o pacote de auxílio. O fato é que já passou da hora das ações serem conhecidas e aproveitadas pelos produtores, que amargam dias de perdas severas e precisam de auxílio urgente para superar o tempo de crise.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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