Suspensão da exportação de carnes na Argentina afeta empresas brasileiras

Decisão do governo de Alberto Fernández, que busca conter a alta dos preços no mercado interno, desagradou agropecuaristas e pode impactar também frigoríficos nacionais

  • Por Kellen Severo
  • 19/05/2021 09h30
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Divulgação/Abiec Para retomar as exportações de carne in natura para os Estados Unidos, frigoríficos de bovinos e suínos de seis estados brasileiros -- São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul -- começam a receber na próxima segunda-feira, dia 10 Governo da Argentina anunciou a suspensão das exportações de carnes por 30 dias

Nesta semana, o governo da Argentina anunciou a suspensão das exportações de carnes por 30 dias com o objetivo de conter a alta dos preços no mercado interno. O país é um dos maiores exportadores do mundo, atrás do Brasil, Austrália, Estados Unidos e Índia. A decisão do governo de Alberto Fernández desagradou os agropecuaristas argentinos. O produtor rural Martin Ambrogio, da província de Santa Fé, por exemplo, relatou preocupações com o aumento de restrições para outras mercadorias. “Recebemos com muito mau humor as medidas de fechar as exportações temporariamente para a carne, não só pelo fato da gravidade do tema da carne, mas também porque o setor agropecuário está temendo que possamos ter restrições maiores do que as que já temos para os grãos. Isso pode gerar um protesto massivo muito forte em todos os setores produtivos do nosso país”, afirmou.

A decisão do governo Argentino impacta também frigoríficos brasileiros, como Marfrig e Minerva, que têm unidades no país e atuam na exportação, de acordo com a analista de mercado e diretora executiva da Agrifatto, Lygia Pimentel. “É legal a gente lembrar que tem duas empresas brasileiras que atuam na Argentina, a Marfrig Foods e a Minerva Foods. A Marfrig, de tudo que produziu, 1,3% saiu da Argentina. Já a Minerva tem uma exposição maior, com 10%. Ou seja, vai sobrar para quem está operando na Argentina”, disse. A carne bovina está subindo de preço não só na Argentina, como também no Brasil e em outros lugares. A demanda chinesa aumentou, houve redução dos estoques e da oferta de proteína animal, fatores que ajudam a explicar o movimento global de alta. Limitar exportações não resolve o problema e ainda cria outros. Para termos ideia, agora o grupo que reúne as principais entidades agropecuárias da Argentina quer parar de vender, temporariamente, todos os produtos bovinos nos próximos dias em retaliação à decisão de Fernández. E há ameaça de protestos também. Importante lição que a Argentina nos ensina: intervir no mercado não funciona.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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