Tensão entre China e Estados Unidos é crescente

Pequim reagiu negativamente ao anúncio de ajuda militar americana a Taiwan

  • Por Kellen Severo
  • 04/08/2023 09h00
FLORENÇA LO/POOL/AFP O enviado do clima dos EUA, John Kerry (à esquerda), e o diretor do Gabinete da Comissão de Relações Exteriores do Comitê Central do Partido Comunista da China, Wang Yi (à direita), participam de uma reunião no Grande Salão do Povo em Pequim em 18 de julho de 2023 Diplomatas chineses e americanos durante reunião em Pequim

Há uma semana, os EUA aprovaram U$ 345 milhões para investimento militar em Taiwan, o que de acordo com o jornal “Financial Times” inclui armas dos estoques norte-americanos pela primeira vez. A ideia é aumentar a defesa taiwanesa contra exercícios militares da China ao redor da ilha. Pequim reagiu e alertou o país de Biden para que não cruze “a linha vermelha” das relações entre as duas maiores economias do planeta. “Os Estados Unidos apoiarem a região de Taiwan interfere grosseiramente nos assuntos internos da China, subestima a soberania e os interesses de segurança chineses e ameaça gravemente a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan. A China se opõe a isso e apresentou representações severas junto dos EUA”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, coronel Sênior Tan Kefei.

A tensão entre a China e os Estados Unidos está crescendo desde agosto passado, há um ano, quando a então presidente da Câmara dos Estados Unidos Nancy Pelosi visitou Taiwan e iniciou um impasse diplomático entre Washington e Pequim. E por que é importante prestar atenção em Taiwan? Existem alguns motivos para isso:

  • O risco potencial de que EUA e China entrem em guerra por causa de Taiwan;
  • Os efeitos colaterais para a economia global e nas rotas marítimas na Ásia;
  • As consequências em tecnologias como semicondutores e chips, muito relevantes em Taiwan, com chance de interrupção na distribuição delas e efeitos na cadeia de suprimentos em diferentes países;
  • A possibilidade de novas sanções econômicas entre EUA e China;
  • Impactos em demanda por commodities (sejam elas energéticas ou agrícolas, por exemplo) se um conflito na Ásia se tornar realidade.

Lembrando que a China é um dos principais destinos das exportações do agronegócio, respondendo por  31,9% do total. Soja e carnes estão entre os itens mais comprados. O fato é que as tensões vão aumentando, uma hora com ações do lado da China, outra dos Estados Unidos. A ameaça em torno de Taiwan é uma construção que vem sendo feita há algum tempo, e o agronegócio brasileiro, setor mais internacionalizado da economia, sabe a importância de monitorá-la pelos efeitos em comércio e mercados que isso também pode gerar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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