USP inaugura primeira usina de hidrogênio a partir do etanol
Inovação pioneira coloca o país em posição de destaque na transição energética global, com matéria-prima sustentável e econômica
A Universidade de São Paulo (USP) inaugurou a primeira usina de hidrogênio do mundo produzida a partir do etanol, um passo estratégico para a transição energética no Brasil e no mundo. Esse feito destaca a importância do país no desenvolvimento de tecnologias que podem acelerar a descarbonização das indústrias e dos transportes, reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Desenvolvida no Laboratório de Hidrogênio da USP, essa tecnologia utiliza o etanol, um recurso renovável amplamente disponível no Brasil, o que torna o hidrogênio produzido mais acessível e com menor pegada de carbono. Produzir hidrogênio a partir do etanol é especialmente relevante em um momento em que o mundo busca fontes de energia mais limpas. Esse processo, ao contrário da eletrólise — que demanda grandes quantidades de eletricidade —, utiliza uma fonte já renovável, garantindo uma menor emissão de carbono. Segundo dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), o uso de etanol como base para o hidrogênio reduz as emissões em até 80% em comparação aos métodos convencionais, consolidando a posição do Brasil como líder na produção de energia limpa.
O impacto ambiental é um dos maiores benefícios dessa nova tecnologia. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a possibilidade de utilizar o hidrogênio como combustível pode reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, especialmente no setor de transporte, onde o Brasil ainda é altamente dependente de combustíveis fósseis. O etanol, que é derivado da cana-de-açúcar, capta CO₂ durante o processo de crescimento da planta, o que ajuda a compensar parte das emissões durante a produção de hidrogênio. Dessa forma, o ciclo é mais sustentável e contribui diretamente para as metas de redução de carbono.
Do ponto de vista econômico, essa tecnologia traz grandes oportunidades. A exportação de hidrogênio verde, produzido com fontes renováveis, é uma demanda crescente em países como Alemanha e Japão, que já têm metas estabelecidas para a descarbonização. Segundo a consultoria McKinsey, o mercado global de hidrogênio verde pode alcançar um valor de US$ 2,5 trilhões até 2050. O Brasil, com sua capacidade de produção de etanol, tem condições ideais para se tornar um dos principais exportadores dessa nova fonte energética. Estudos apontam que, ao fortalecer essa cadeia produtiva, o país poderia gerar bilhões de dólares em receita, criando empregos e fomentando o desenvolvimento de novas tecnologias.
Além do impacto econômico e ambiental, essa inovação coloca a USP e o Brasil como referência internacional na pesquisa e no desenvolvimento de energias limpas. No cenário atual, onde a transição energética é uma necessidade, o uso de etanol como base para hidrogênio é uma solução prática e viável, com capacidade de escalar para atender demandas nacionais e internacionais. Com essa usina, o Brasil dá um passo importante para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e alcançar as metas de neutralidade de carbono. Não é apenas uma vitória científica, mas também uma oportunidade para o país se afirmar como um líder em energia renovável, integrando-se às demandas globais por alternativas limpas e sustentáveis.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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