7 de setembro foi ressuscitado e definitivamente resgatado
Criticar Bolsonaro faz parte da democracia, mas há de concordar que, graças a ele, o Brasil resgatou esse sentimento patriótico e a população foi às ruas nesta data tão importante
A imagem está viva, vivíssima em minha mente. Sweet memories, como dizia o único menino americano que conheci na infância para se referir às boas lembranças que tinha da sua terra natal. Garoto ainda, morando na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, na véspera do 7 de setembro eu já estava muito ansioso. No dia seguinte iria desfilar. Assim que acordava, já encontrava o uniforme da escola passado e engomado. Os sapatos engraxados e lustrosos. Havia também uma fitinha verde e amarela cuidadosamente colocada no bolso da camisa. Tomava um banho caprichado e, ainda de pijama, já que não queria correr o risco de sujar a “roupa de gala”, ia para o fogão à lenha. Fazia do fogão a minha mesa. Adorava saborear ali uma tigela de café com leite e pedaços de pão. Era importante ter um bom café da manhã, já que voltaria para casa bem depois do horário normal do almoço. Dirigia-me animado à concentração do desfile. Eu e todos os meus amiguinhos éramos sempre entusiasmados com essa festividade.
Desfilávamos conscientes do que estávamos fazendo, pois naquela semana, todos os anos, recebíamos dos professores informações detalhadas do significado daquela data. Depois das aulas fazíamos redações sobre a independência do país. Era efetivamente uma grande comemoração. No final do desfile, todo orgulhoso, perguntava às pessoas conhecidas: “Você me viu?”. Algumas, provavelmente, não me haviam notado no meio daquela turma toda, mas como poderiam dizer não àquele menino de olhos brilhantes de alegria? Todos diziam que sim, e com um complemento que fazia o meu coração bater mais forte: “Lógico que vi. E você estava lindo!”.
Mais crescidinho, ao servir o Exército, também participava do desfile. Agora com mais pompa, afinal eu tocava surdo na fanfarra. O sargento ficava irritado quando percebia que entoávamos as marchas militares com uma melodia disfarçada de samba. Demonstrava irritação, mas, no fundo, sabíamos que ele gostava, pois a nossa presença nas ruas se tornava assim mais interessante e atraente para quem nos via passar. Com o transcorrer do tempo, essas comemorações foram se esvaziando. Nos 7 de setembro, vez ou outra, eu me lembrava daqueles momentos. Ninguém da minha família e nenhum dos meus amigos mencionavam essa data para ser comemorada. Os mais jovens, então, em sua maioria, nem se davam conta do seu significado.
Do ano passado para cá, entretanto, depois de tanto tempo, vi novamente a população se movimentando para celebrar a independência do Brasil. Superando largamente o que fazíamos naqueles anos. Vestidos de verde e amarelo, lotaram as ruas em uma demonstração emocionante de patriotismo. Neste dia 6, terça, me surpreendi experimentando a mesma ansiedade que sentia na época de criança. Estava curioso para saber como seriam as maiores comemorações já vistas para o 7 de setembro. Havia um motivo especial — comemoramos 200 anos da nossa independência! Logo pela manhã, assim que abri a janela, para minha surpresa, vi algumas bandeiras penduradas nas janelas dos prédios. Até me lembrei do comentário de um de meus vizinhos. Quando souberam que ele tinha intenção de pôr uma bandeira na sacada do apartamento, chamaram sua atenção para o fato de poder ser multado, já que estava em desconformidade com as regras do condomínio. Ele deu de ombros e respondeu: se isso for mesmo verdade, prefiro pagar a multa e comemorar.
Foi só o começo. Os atos cívicos no dia 7 superaram todas as minhas expectativas, que eram bem altas. As ruas de todas as cidades do país ficaram apinhadas de gente. Era um mar verde e amarelo. Um amigo de Portugal se mostrava muito preocupado com as notícias que chegavam até lá. Quase todas diziam que seriam demonstrações antidemocráticas e que o Judiciário havia informado que colocaria snipers no alto dos prédios em Brasília para evitar excessos. Enviei algumas fotos a ele com a multidão nas ruas e nas praças. E pedi que observasse bem. Veja quem são essas pessoas que se manifestam. São famílias, velhos, crianças. O que noticiaram aí não corresponde à realidade. Se alguém quiser criticar Bolsonaro por uma ou outra atitude, tudo bem. Faz parte da democracia e da liberdade de opinião. Há de concordar, todavia, que foi graças a ele que o Brasil resgatou esse sentimento patriótico e motivou a população a ir às ruas nesta importante data para o nosso país. Siga pelo Instagram: @polito.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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