A eleição de Trump destaca a importância da democracia
Trump não apenas venceu no Colégio Eleitoral, mas também no voto popular, algo que não ocorreu em 2016
Trump venceu Hillary Clinton em 2016, foi derrotado por Biden em 2020 e agora venceu Kamala Harris em 2024. A recente vitória de Trump, após derrotas e críticas constantes, reforça o valor da democracia e da alternância de poder, ao permitir que os eleitores reavaliem suas escolhas a cada quatro anos.
Disputa acirrada ao longo do tempo
Os Estados Unidos viram diferentes correntes ideológicas passando pela Casa Branca. 19 presidentes republicanos ocuparam o cargo; e 16 democratas. Essas mudanças ajudaram o país a se transformar na maior potência mundial. Por que Trump conseguiu retornar à Casa Branca após quatro anos, mesmo enfrentando inúmeros processos e críticas da imprensa majoritariamente alinhada aos democratas? Os eleitores analisaram as realizações e propostas do governo Biden em comparação ao passado e às promessas de Trump. Concluíram, por larga diferença, que Trump deveria voltar ao comando do país.
Vitória no voto popular
Desta vez, Trump não apenas venceu no Colégio Eleitoral, mas também no voto popular, algo que não ocorreu em 2016. Até o momento em que este texto está sendo redigido, Trump possui 295 delegados e 72 milhões de votos populares (50,9%), enquanto Kamala Harris tem 226 delegados e 67 milhões de votos populares (47,6%). Foi a maior votação conquistada por um republicano em 20 anos, sem motivos para contestação.
Críticos sem argumentos
Seus críticos estão desnorteados. Alguns analistas tentam prever o que vai acontecer em um questionável exercício de futurologia. Presos às suas convicções e, na certeza da vitória democrata, passaram a criar teses para minar a imagem de Trump, como se a eleição ainda estivesse em andamento.
Esse fenômeno de interpretar dados que confirmam crenças pré-existentes é conhecido como “viés de confirmação”. Atualmente, com a predominância das redes sociais, as pessoas são influenciadas por conteúdos que reforçam suas convicções, criando uma “câmara de eco” que as isola de opiniões divergentes.
Redes sociais como cúmplices
Por meio de algoritmos que oferecem conteúdos cuidadosamente alinhados aos interesses do usuário, as redes sociais intensificam uma ‘ressonância interna’. A ideologia acaba por isolar os indivíduos, que recebem notícias que reverberam dentro de uma “bolha”, e eles se afastam do que não está em consonância com suas convicções.
Jürgen Habermas, filósofo contemporâneo, destaca que o diálogo público é essencial para a democracia. Sem a troca contínua entre perspectivas diferentes, argumenta ele, o espaço público se fragmenta, isolando os indivíduos em suas próprias realidades. Esse pensamento reforça a ideia de como o “viés de confirmação” e a lógica das redes sociais podem mesmo acentuar a polarização.
Jornalistas inconformados
Alguns jornalistas não conseguem admitir resultados diferentes dos esperados por eles. Por exemplo, quando os resultados apontavam 267 votos a favor do republicano, faltando, portanto, apenas 3 para a sua vitória, uma comentarista de prestigiada emissora de televisão, provavelmente sem perceber que falava somente a partir de suas crenças ideológicas, disse: “Ainda dá para virar!”.
Essa lógica ensimesmada, além de isolar, é um dos fortes motivos da polarização. Neste caso, a falta de interação, com visões distintas, dificulta a empatia e o entendimento entre as pessoas com posições opostas.
Surpresa para quem se fechou
Trump surpreendeu com sua vitória, especialmente aqueles que se fecharam em uma redoma. Para entender a derrota de sua candidata, seria necessário abrir-se para novas realidades e buscar explicações de mente aberta. Daqui a quatro anos, haverá novas eleições. Se Trump corresponder às expectativas, graças à democracia, poderá indicar seu sucessor. Caso contrário, também graças à democracia, o povo terá nova oportunidade de mudança. Siga pelo Instagram: @polito
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.