Até quem ‘fez o L’ começa a se arrepender do voto por causa das declarações de Lula

Será que alguma vez o petista disse aos eleitores durante a campanha que ‘era comunista’ ou que estava disposto a ‘combater a família’?

  • Por Reinaldo Polito
  • 06/07/2023 09h00 - Atualizado em 06/07/2023 12h00
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Ricardo Stuckert/PR/Divulgação Lula cumprimenta o argentino Alberto Fernández em foto posada de reunião do Mercosul Lula posa para foto com seu amigo Alberto Fernández, presidente da Argentina e também identificado com a esquerda latino-americana

Quase dia sim e outro também, para desespero dos lulistas e gáudio dos opositores, Lula brinda os brasileiros com pérolas da sua irrefreável comunicação. É um espanto! Ainda mais quando resolve falar de improviso, o que tem ocorrido amiúde, como diria o ex-presidente Jânio Quadros. Alguns de seus pronunciamentos seriam hilários se não fossem tão aterrorizantes. Será que alguma vez ele disse aos eleitores durante a campanha que “era comunista“? Ou que era preciso “combater a família”? E essa história de que o “conceito de democracia é relativo”? O próprio ministro Gilmar Mendes, que há muito não aparecia diante das lentes das câmeras, se prontificou a puxar as orelhas do chefe do Executivo: “O conceito de democracia não é relativo. Após a superação dos regimes totalitários do século XX, a democracia não pode, seriamente, ser concebida como fórmula vazia, apta a aceitar qualquer conteúdo”. Só faltou a cereja do bolo — dar cinco dias para o presidente explicar o que disse.

Até nas omissões Lula camuflava suas convicções. Não criticava Maduro e Ortega, mesmo sendo instigado a opinar sobre eles. Agora virou parça de primeira hora. Maduro gostou tanto da recepção que já programou sua volta. Quem sabe, peça bis do discurso sobre as “narrativas” que tão alto falou ao seu coração. De posse da cadeira presidencial, não economiza os afagos a seus seguidores e a boa parte dos governantes esquerdistas. Perambula por aplausos domesticados como se não houvesse amanhã. E suas falas sem filtro proliferam. Até gente que fez o L, com nariz virado pelo “mau-cheiro” que sentiam do “tosco e vulgar” Bolsonaro, começa a se arrepender do seu voto por causa das declarações irrefletidas.

No 26º encontro do Foro de São Paulo, Lula estava saltitante. Como se as suas palavras pudessem tocar apenas os que o aplaudem, independentemente da tese que defende, parece não se dar conta de que há ouvidos fora da bolha ávidos por esses tropeços oratórios. Sem ficar rubro, nem gaguejar, como se desenhasse com as palavras as mais sábias páginas da ideologia brasileira, disse: “Aqui, no Brasil, enfrentamos o discurso do costume, da família e do patriotismo”. Até aqui, tudo bem. Se Bolsonaro dissesse as mesmas palavras, entenderíamos o “enfrentar” como “discutir”, “defender”, “apoiar”. Na sequência, entretanto, o homem de Garanhuns mostrou o real significado de sua mensagem: “Ou seja, enfrentamos o discurso que a gente aprendeu a historicamente combater”. 

Caberiam aqui algumas perguntas: Lula acha mesmo que os brasileiros querem se livrar da família e do patriotismo? Que conversa mais atravessada é essa?! E se você pensa que a verborragia lulista havia se esvaído com essas “sinceras e sensatas” informações, está enganado. Suas palavras reservavam mais surpresas. Cumprindo seu augusto papel de enebriar, ou, se preferir, indignar quem o ouvia, afirmou: “Nós não somos vistos pela extrema-direita fascista, nem do Brasil, nem do mundo, como organizações democráticas. Eles nos tratam como se fôssemos terroristas. Eles nos acusam de comunistas, como se ficássemos ofendidos com isso. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, neofascista, de terrorista. Mas, de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes”.

Esse orgulho, que hoje lhe enche o peito, não teve oportunidade de ser mencionado ou exposto durante a campanha presidencial. Houve momento em que alguns “políticos comunistas”, inclusive ele, sentindo a forte rejeição por essa agremiação esquerdista, tentaram camuflar o vermelho, a foice e o martelo. Optaram por branco e azul clarinho, bem meigo. Se os comunistas encontrassem apoio nos braços dos eleitores, não tomariam esse tipo de decisão. Vamos aguardar para ver se os candidatos participarão da campanha de 2024 vestindo vermelho e armados de foice e martelo. Prestemos atenção às mensagens daqueles que tentarão se eleger. Será que irão combater de peito aberto a família e a pátria? Essa seria uma boa prova do orgulho que sentem em pertencer a essa filosofia política. Uma coisa é a bravata. Outra é o discurso adequado para conquistar votos. Ninguém quer entrar na briga afagando sua ideologia e correndo o risco de ser derrotado nas urnas. Dá para apostar que essas velhas raposas aparecerão bem agasalhadas em pele de cordeiro. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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