Bolsonaro, Lula e governadores pisam em ovos como pré-candidatos

Atual presidente enfrenta desafios na economia, antecessor tenta reverter inelegibilidade e governadores começam a se articular para as eleições do ano que vem

  • Por Reinaldo Polito
  • 28/08/2025 08h00
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Roberto Sungi/Ato Press/Estadão Conteúdo tarcísio e Bolsonatdo Tarcísio de Freitas desponta como possível candidato à Presidência diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro

Ainda tem um tempinho até as eleições. Para alguns pré-candidatos, as urnas já deveriam estar abertas. Para outros, quanto mais demorar, melhor. Tudo depende das expectativas de cada um. Bolsonaro, por exemplo, com a remota esperança de reverter sua inelegibilidade, entra na segunda categoria, gostaria de parar o tempo. Lula, por outro lado, está na primeira, desejaria que as urnas fossem abertas ontem.

Bolsonaro está inelegível, mas deve estar acendendo vela para todo tipo de santo na tentativa de se livrar das acusações e ter condições de se candidatar. Pelas últimas pesquisas, se conseguir concorrer, há grandes chances de vencer o pleito. Enfrenta dois problemas: Lula, com toda a máquina nas mãos, e o fogo amigo vindo da própria direita.

Lula enfrenta uma tempestade perfeita

Lula também não está confortável. A economia patina: gastos descontrolados, impostos em alta, juros nas nuvens e inflação pesando no bolso. Para piorar, Trump impõe o tarifaço contra o Brasil, quebrando empresas e aumentando o desemprego. Uma tempestade perfeita. As pesquisas que o digam.

Mesmo assim, se Bolsonaro pudesse concorrer, eles seriam os dois maiores competidores para chegar ao Palácio do Planalto. Com todos os obstáculos e desafios, nunca deu sinais de que não disputará. Jamais deixaria essa brecha para que a “extrema-direita”, como ele chama, voltasse ao poder.

Os outros afiam o discurso

Diante desse quadro, os outros pré-candidatos ficam ouriçados. Basta assistir às suas entrevistas para constatar que estão com a faca nos dentes. Vejamos quem colocou o bloco na rua. Tarcísio Gomes de Freitas, governador de São Paulo, embora tente disfarçar. Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Ratinho Júnior, governador do Paraná. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.

Além desses que, de maneira ostensiva ou velada, já são pré-candidatos, corre por fora, com boa avaliação dos eleitores, Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, que tem viajado pelo país atuando como presidente do PL-Mulher. Chegaram a mencionar Eduardo Bolsonaro, mas, diante das complicações com a Justiça, parece ter se tornado inviável.

Zema é o que mais bate

Em que pé está a campanha? No início, Bolsonaro foi poupado pelos pré-candidatos. Confrontar um líder que arrasta multidões e garante votação àqueles que recebem sua indicação seria uma espécie de suicídio. Todos os políticos que ousaram confrontar o ex-presidente perderam eleitores. A maioria desapareceu do cenário eleitoral.

O mais ácido de todos os pré-candidatos é Romeu Zema. Não é de hoje que ele critica o ex-presidente. Em algumas situações até de forma ríspida e agressiva. Antes mesmo de encerrar a gestão do então presidente, falou mal do processo de comunicação do governo e da maneira como conduziu a pandemia. Em outra oportunidade, cutucou a participação da família de Bolsonaro na política.

Caiado usa cautela

Esperava-se mais contundência nos pronunciamentos de Ronaldo Caiado. O governador goiano já rompeu meia dúzia de vezes com Bolsonaro. Foi outro que, na época da pandemia, vivia de bater e assoprar. Não deixa de marcar posição para se afastar do ex-presidente. Mas de maneira sutil para não afugentar seu eleitorado.

Ao ser classificado no mesmo saco de “ratos” por Carlos Bolsonaro, não revidou. Como resposta disse: “Entendo esse desabafo e esse desespero de um filho que vê um pai, querendo ou não, numa prisão domiciliar sem querer ser julgado”. Mesmo recebendo críticas por essa “subserviência” política, agindo assim, ganha mais que perde.

Tarcísio entre a cruz e a espada

O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, é o mais bem avaliado para concorrer com Lula e vencer o pleito. Sua situação é, ao mesmo tempo, confortável e delicada. Confortável porque nada de braçada nas pesquisas. Sua posição tem sido consistente e mostra tendência de crescimento. Delicada, porque deve manter fidelidade com Bolsonaro. E logo precisaria se desencompatibilizar para poder concorrer.

Ratinho Jr. é bem avaliado no Paraná pela gestão que realiza. Nunca atacou Bolsonaro; ao contrário, já se reuniu com ele em algumas oportunidades, talvez esperando sua benção. Em declarações recentes, mostrou suas intenções: “É bem provável que a gente possa construir uma união. Não acredito que isso aconteça no primeiro turno, em torno daquele nome que conseguiu ter a maior capacidade de enfrentar o governo que, infelizmente, não tem demonstrado um bom trabalho para os brasileiros”.

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Michelle é uma incógnita no tabuleiro

Michelle é uma incógnita. Sempre muito bem nas pesquisas, até agora não se sabe qual será seu destino político. Por enquanto, a conversa mais comum é que se candidate ao Senado. Ao que parece, precisaria receber o aval do marido.

Está tudo em aberto. Nos próximos meses essa fotografia poderá ou não ser preservada. Ninguém deve cravar que haverá essa permanência. O mais certo é que, de tempos em tempos, novos quadros possam surgir. Vai ser emocionante. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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