Donald Trump deslancha na hora certa

A menos de 15 dias das eleições, por uma série de motivos, o ex-presidente começou a subir em praticamente todas as pesquisas, enquanto Kamala Harris não apresenta indícios de tração

  • Por Reinaldo Polito
  • 24/10/2024 09h00
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ERIK S. LESSER/EFE/EPA O ex-presidente dos EUA e candidato republicano à presidência, Donald Trump, fala no comício da campanha do Turning Point PAC na Gas South Arena, em Duluth, Geórgia O candidato republicano à presidência, Donald Trump, fala no comício da campanha do Turning Point PAC, na Gas South Arena, em Duluth, Geórgia

Trump havia ganhado a sorte grande. Era tudo o que um candidato poderia sonhar no meio de uma campanha: sofrer uma tentativa de assassinato. Lógico que ninguém quer levar um tiro, mas já que aconteceu, ele não perdeu a chance de capitalizar, colocou um enorme esparadrapo, maior que a própria orelha, e mostrou ao mundo que, para derrotá-lo, só mesmo na base da bala. Deu certo. Parecia que nada poderia barrar sua ascensão. Além disso, o adversário era o presidente Biden, que mostrava fragilidade física e dificuldades para raciocinar e se comportar em público.

Gafes de Biden 

O democrata apresentava deficiências visíveis. Num dia “cumprimentava fantasmas”, estendendo a mão para ninguém. No outro, lia discursos preparados por seus assessores, incluindo indicações para o uso do texto: “Fim da citação”, “Repita a frase”. Essas gafes faziam a alegria dos republicanos, que as exploravam à exaustão.

Quando tudo parecia caminhar até para uma vitória tranquila, eis que os democratas tiraram uma carta preciosa da manga: a mudança do candidato à presidência. No lugar de Biden, indicaram a vice-presidente Kamala Harris para concorrer à Casa Branca. De repente, o jogo virou e só se falava nela no noticiário. Ninguém mais mencionava o tiro na orelha de Trump.

Kamala virou estrela

Nem outra tentativa de assassinato, na verdade, mais duas tentativas, foram suficientes para tirar Kamala do foco da mídia. Ela se tornou uma grande estrela que encantava os eleitores e, principalmente, a imprensa, que claramente torcia pelo seu sucesso. Houve momento em que o republicano só aparecia em notas de rodapé. Os únicos lampejos de destaque eram as aparições de Elon Musk em seus palanques.

O magnata despejou muito dinheiro na campanha e está na ribalta com o sucesso extraordinário dos lançamentos de seus foguetes. As imagens com a recuperação do propulsor do foguete Starship em seu retorno à plataforma de lançamento foram notícia no mundo todo. E Trump surfou nessa onda.

Virou em cima da hora

Agora, a menos de 15 dias das eleições, por uma série de motivos, além desse do foguete, o ex-presidente começou a subir em praticamente todas as pesquisas. E mais importante, ele decola e Kamala não apresenta indícios de tração. Como bom marketeiro, vestiu um avental e foi trabalhar por alguns minutos em uma das lojas do McDonald’s. Riu, brincou, interagiu e atendeu os clientes. Essas imagens foram repetidas em todos os noticiários, não só nos Estados Unidos, mas também em todos os países.

A estagnação de Kamala

As razões mais evidentes para a estagnação da candidata democrata estão na associação de sua imagem com a administração Biden e em algumas de suas declarações. Em certas ocasiões, Kamala parece não medir bem as palavras. Quando questionada sobre o que faria de diferente em relação a Biden, que enfrenta fragilidades, ela não conseguiu contornar a pergunta e respondeu, com certa hesitação: “Nada me vem à mente”.

Outro acerto de Trump foi se recusar a participar de novos debates com ela, evitando possíveis prejuízos. Kamala precisa de palanque para continuar em evidência; sem eventos e sem participação em debates, o midiático republicano é quem domina o noticiário. Além de tudo, montaram uma armadilha na qual ela foi envolvida. 

Logo saberemos

Segundo relatos da imprensa, durante um evento, alguém gritou: “Jesus é o Senhor”. Os apoiadores de Kamala teriam expulsado os manifestantes. A situação foi malvista pelos religiosos. Contudo, parece que os fatos foram diferentes. Os manifestantes foram expulsos do local porque repetiam insistentemente “mentira”, “mentira”, enquanto ela criticava a política antiaborto de Trump.

Certo ou errado, verdade ou mentira, o que ficou para o público foi a iniciativa de expulsar pessoas que defendiam o nome de Cristo. Embora a diferença nas pesquisas não seja tão grande, havendo mesmo um empate técnico na maioria delas, enquanto o ex-presidente sobe, a atual vice-presidente não decola. Não há nenhum evento em perspectiva que possa indicar uma virada nesse placar. Se tudo continuar como está, Trump deve voltar à Casa Branca. Basta esperar duas semanas para que possamos saber. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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