Kamala Harris é boa de discurso e será páreo duro para Trump

A discussão sobre o atentado diminuiu, um trunfo poderoso nas mãos do candidato republicano, e a atual vice-presidente já abriu dois pontos de vantagem em uma pesquisa

  • Por Reinaldo Polito
  • 25/07/2024 18h34 - Atualizado em 25/07/2024 19h46
LESLIE PLAZA JOHNSON/EFE/EPA A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, discursa na 88ª convenção nacional da Federação Americana de Professores A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, discursa na 88ª convenção nacional da Federação Americana de Professores

Trump vivia no melhor dos mundos. Tinha pela frente um adversário combalido por problemas de saúde e sem muita energia para o enfrentamento. Durante o debate, conseguiu demonstrar que seu oponente não possuía condições de continuar dirigindo o país. Até os democratas se espantaram com a falta de reação do presidente. Assim que terminou o confronto, vários pesos pesados do partido passaram a falar sobre a necessidade de substituição. A diferença entre os candidatos era tão gritante que o desfecho a favor do opositor se tornou bastante previsível. Estavam jogando a presidência no colo de Trump.

O atentado

Aí veio o atentado. Se o ex-presidente já levava vantagem sobre o seu concorrente, agora, então, no papel de vítima, tudo indicava que seria imbatível. Era só calibrar bem o discurso para que a Casa Branca abrisse as portas para o seu reingresso. As pesquisas mostravam que a tendência era a distância entre os dois candidatos aumentar. Os democratas precisavam agir rápido. Qualquer demora poderia prejudicar suas pretensões de continuar comandando o país. Com o tempo, Trump se consolidaria na liderança, sem adversário à altura. Por isso, sem demora, por sugestão do próprio Biden, indicaram a vice-presidente Kamala Harris como candidata.

Pesquisas

Embora as pesquisas não sejam definitivas, pois medem o eleitorado e não os delegados, assim que seu nome foi definido, Kamala já conseguiu a preferência popular. Segundo levantamento da Reuters, ela já abriu dois pontos de vantagem sobre o ex-presidente. As forças começaram a se equilibrar. A discussão sobre o atentado diminuiu, um trunfo poderoso nas mãos de Trump. Já no seu primeiro discurso como possível candidata, Kamala mostrou que será uma forte opositora nessa campanha. Trump ainda está firme em suas chances de voltar à presidência, mas terá de enfrentar uma candidata mais forte e enérgica que Biden. A vice-presidente é vista como determinada e assertiva em seus pronunciamentos.

Discurso de estreia 

Nesse primeiro discurso demonstrou possuir bastante habilidade em falar em público. Sempre com o semblante simpático, arejado, sorridente, mas nunca deixando de falar o que deseja. Esse equilíbrio entre uma mensagem assertiva e uma expressão leve pode trazer ótimos resultados, principalmente porque contrasta com as atitudes de Trump, frequentemente violentas ou debochadas. Foi só um primeiro instante. Outros rounds virão. O republicano é bastante experiente e sabe exatamente qual o caminho a ser percorrido. Já venceu eleições acirradas. Sem contar que embora a campanha eleitoral faça com que a imagem do candidato seja cada vez mais conhecida, talvez não dê tempo de ela se projetar como precisaria. 

Muito tempo na mídia

Temos de lembrar que Trump está na mídia há pelo menos oito anos, quase todos os dias. Por isso, é conhecido por quase 100% da população. Ela ainda não. E por mais que se destaque, dificilmente passará dos 90 ou 95%. Parece pouco, mas em uma campanha eleitoral, disputada milimetricamente, essa pode ser toda a diferença. Mais uma vez é a comunicação que levará um candidato ou outro à vitória. Quem souber se expressar de maneira mais eficiente, fazendo a leitura apropriada das expectativas, interesses e necessidades do eleitorado, mais próximo estará da Casa Branca. Vamos acompanhar. O jogo está aberto para os dois. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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