Lula e o PT estão velhos ou desatualizados?
Retorno do corporativismo incrustado há décadas no PT é uma evidente demonstração de que o pensamento está no passado
Hoje, mais que em outras épocas, a sociedade procura combater o preconceito. Houve enorme evolução. As conquistas daqueles que sofreram com essa espécie de rejeição merecem aplausos. Certamente, um caminho longo ainda precisa ser percorrido, mas não podemos fechar os olhos para o progresso experimentado. Há um preconceito, entretanto, que ainda não foi bem avaliado, o etarismo – a desconsideração, a subavaliação sofrida pelas pessoas mais velhas, especialmente no mercado de trabalho. Uma análise, nesse sentido, todavia, nos leva necessariamente à observação das circunstâncias em que essa condição ocorre. Será que as pessoas mais idosas estão sendo barradas em certos setores da vida corporativa porque são velhas apenas, ou porque efetivamente não possuem competências que poderiam ser aproveitadas para que as organizações pudessem produzir com mais eficiência e, assim, fazer frente à crescente concorrência no mercado?
Se o profissional não se atualizou, não progrediu, não se adaptou, independentemente de sua idade, não encontrará espaço para atuar na maioria das atividades. Aí não se trata de bloqueio à idade, mas sim à incompetência. Conheço pessoas que já estão se aproximando dos 80 anos e são disputadas ainda a peso de ouro pelas corporações. As companhias desejam aprimorar, inovar, vender, lucrar, progredir. Se puderem contar com colaboradores que satisfaçam essas exigências, com certeza não olharão para a data de nascimento. Boa parte das empresas até gosta de mesclar profissionais jovens com os mais seniores. Aproveitam, dessa forma, a experiência insubstituível daqueles que há décadas labutam nessa estrada para associá-la com o oxigênio da juventude. Se ainda assim, os mais idosos forem cerceados apenas pela cor branca dos cabelos é idadismo, que precisa ser combatido por todas as formas disponíveis.
Vejamos, porém, um exemplo com a nossa política. Quando se critica o atual governo por estar ultrapassado, não é pela idade do presidente. Afinal, ele foi escolhido pela população para ocupar o cargo em que está. Ocorre que na sua gestão suas iniciativas e atitudes têm se mostrado claramente ultrapassadas. E esse tipo de administração pode, sem dúvida, emperrar o progresso e o desenvolvimento do país. Nesses 100 primeiros dias da atual presidência, sem ter de fazer esforço para criticar, apenas analisando os fatos, é possível enumerar incontáveis desacertos. Esses equívocos mostram um comportamento envelhecido, desatualizado. Ainda que fosse mais jovem, se agisse como tem agido, a avaliação deveria ser a mesma.
O retorno do corporativismo incrustado há décadas no PT é uma evidente demonstração de que o pensamento está no passado. A tentativa obstinada para derrubar as regras legais de governança das empresas estatais demonstra que os desmandos de tempos recentes não foram suficientes para que essa prática fosse eliminada. O combate à autonomia do Banco Central, conquistada a duras penas, para não ficar refém das decisões políticas, é outro retrocesso inadmissível. A luta para revogar as reformas, muitas delas com apoio maciço da população, até com manifestações que lotaram as ruas do país, como o caso da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista, é como se engatasse marcha a ré nos rumos adotados pelo país. O combate ao Marco do Saneamento, que poderia retirar 100 milhões de brasileiros de uma situação sanitária desesperadora, é um grande equívoco. Insistir em emprestar dinheiro a países maus pagadores, alinhados ideologicamente, com recursos que poderiam ajudar o Brasil a superar os problemas de saúde e educação, por exemplo, não encontra respaldo em qualquer argumentação lógica.
Todas essas ações ou intenções não têm nada a ver com idade, mas sim com envelhecimento de ideias. A medicina já encontrou caminhos para o rejuvenescimento físico e a saúde. Vivemos um momento particularmente importante de avanços em todas as áreas do conhecimento. Nada impede, assim, que a boa vontade, a reflexão adequada e um olhar mais crítico, sem ideologias inconsequentes, não possam reorientar o norte a ser perseguido. Faltam mais de 1360 dias para o governo chegar ao seu termo. Há tempo de sobra para que ele deixe o passado no passado, e passe a enxergar com olhos de ver o futuro. Siga pelo Instagram: @polito
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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