O brasileiro perdeu a vergonha de dizer que é de direita?

Para contrapor ao que está sendo apregoado pela esquerda, muitos deixaram de lado a hesitação e passaram a mostrar sem reservas que aspiram e defendem a ideologia conservadora

  • Por Reinaldo Polito
  • 18/01/2024 10h00 - Atualizado em 18/01/2024 10h05
EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro realizam um protesto contra a indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro realizam um protesto contra a indicação de Flávio Dino ao STF

Hoje, pelo menos metade da população brasileira estufa o peito e diz em alto e bom som que é de direita. Até bem pouco tempo atrás não era assim. Havia certo constrangimento por parte de algumas pessoas em dizer que era conservadora. Quando confrontadas, saíam pela tangente e sussurravam, no máximo, um centro-direita. Em alguns casos até um centro-esquerda. No passado, não havia chances de a esquerda se impor no país. Em 1935, teve lugar uma iniciativa malsucedida — a intentona comunista. Foi uma tentativa de golpe contra Getúlio Vargas. O levante protagonizado por alguns militares teve o apoio do Partido Comunista do Brasil e da Internacional Comunista. Não deixou de ser um marco, pois conseguiram instalar um governo provisório em Natal. Um único caso na nossa história. Essa rebeldia de alguns soldados atacando quartéis não tinha como prosperar. O líder comunista Luís Carlos Prestes, em manifesto da ANL (Aliança Nacional Libertadora) conclamou seus seguidores para o levante: “Cabe à iniciativa das próprias massas organizar a defesa de suas reuniões, garantir a vida de seus chefes e preparar-se, ativamente, para o assalto. […] Abaixo o fascismo! Abaixo o governo odioso de Vargas! Por um governo popular nacional revolucionário. Todo poder à Aliança Nacional Libertadora”.

Se mudarmos a época e o nome de quem está sendo combatido, encontraremos muita semelhança com o que ocorre hoje. Ou não foi assim que os opositores se referiram a Bolsonaro?! Governo odioso e fascista foi o que mais se ouviu. A história e os meios se repetem. Os movimentos dos anos 1960 e 1970 também não lograram êxito. Ficava evidente que, se os comunistas quisessem tomar o poder, deveria ser por outros meios que não fosse o golpe. E tudo indica que esse foi mesmo o caminho adotado. Ao ver Lula dizendo que tem orgulho de ser comunista e revelando sua alegria em ter colocado no STF (Supremo Tribunal Federal) um ministro comunista, tudo indica que essa tem sido a estratégia.

Assim como os comunistas não têm mais recato para declarar sua ideologia, também os conservadores abandonaram as máscaras. Temos agora uma polarização, uma divisão que se mostra cada vez mais arraigada. Lula sabe que, embora tenha sido eleito, metade do país não o escolheu para o cargo. Portanto, ainda que seja o presidente, não representa a totalidade da população. Talvez hoje nem a maioria. Não há como contestar que o catalisador do sentimento conservador nessa imensa parcela da população foi Bolsonaro. Devido à sua atuação intransigente contra a esquerda, defendendo princípios que vão ao encontro dos anseios dessa parcela de brasileiros, acendeu no ânimo de seus seguidores a chama patriota. 

Não é difícil concluir que muitos daqueles que votaram em Bolsonaro estavam, na verdade, rechaçando Lula e o PT. Agora ainda mais, particularmente, com as declarações do presidente, enaltecendo o comunismo. Se formos reavaliar o que ocorreu na política brasileira nos últimos tempos, fica evidente que em nenhum momento esteve claro para o eleitorado que a intenção era implantar de fato o comunismo no Brasil. Ser ludibriado com a falsa promessa de ter picanha nas refeições até pode ser perdoado. Sofrer pressão com aumentos indiscriminados de impostos, até pode ser relevado, já que a desculpa é terem a finalidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Alguns acreditam e outros fazem malabarismos para acreditar. O que está sendo colocado à luz nesse momento, entretanto, já provoca arrepios.

Somos um povo que ainda prezamos a família, a boa educação dos filhos, o amor pela pátria, o orgulho pela soberania nacional, o respeito à propriedade privada, a liberdade de expressão, a livre concorrência, a não interferência do Estado. São valores que precisam ser preservados. Se, portanto, quem está no poder põe em risco esses princípios, talvez não seja aquele que representa a vontade do país. O próprio José Dirceu, um dos maiores líderes e estrategistas da esquerda no país, disse recentemente que “a direita está ganhando a disputa”. Se até eles reconhecem publicamente, é porque de fato há uma força conservadora se impondo na sociedade. Por isso, para contrapor ao que está sendo apregoado pela esquerda, muitos deixaram de lado a hesitação e passaram a mostrar sem reservas que aspiram e defendem a ideologia conservadora. Dizem que são de direita. Seja lá o que essa afirmação possa representar de verdade. Siga pelo Instagram: @polito.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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